VIDA URBANA
No aniversário da cidade, Paraíba1 conta histórias de pescador
Em comemoração aos 424 anos da cidade de João Pessoa, a equipe do portal Paraiba1, realizou uma entrevista especial com um dos personagens que ilustram a orla de Tambaú: o pescador.
Publicado em 05/08/2009 às 7:29
Inaê Teles
Especial para o Paraíba1
Pensando em homenagear uma das profissões presentes há mais tempo em João Pessoa, no dia do aniversário da cidade o Paraiba1 entrevistou um dos pescadores mais antigos do Mercado de Peixe de Tambaú, Euclides da SIlva, que vai contar um pouco sobre seu dia-a-dia e ainda ensina a fazer uma deliciosa receita de pirão de peixe.
Euclides nasceu numa cidadezinha lá no Rio Grande de Norte, que tem um nome curioso, Canguaretama, que fica a 18 Km da praia mais próxima. Por gostar muito do mar, o pescador resolveu vir para João Pessoa e depois de 40 anos morando na Capital já se considera um pessoense genuíno.
Logo cedo aprendeu o ofício com um dos primos. “Comecei a trabalhar pra uma empresa que nem existe mais, trabalhei 21 anos com a pesca. Agora eu estou só vendendo peixe aqui no mercado. Continuo perto do mar e dos peixes. Gosto muito de peixe, por mim comeria três vezes por dia.”, conta Euclides.
Seu Euclides relembra com muito orgulho do tempo que pescava, “acordava de 1h30 da madrugada e saía de porta em porta chamando os outros pescadores. A gente passava quatro dias no mar.” Nesse período Euclides e os seus três amigos se alimentavam apenas de peixe e água. Atualmente as condições de trabalho estão melhores, arroz, feijão e carne fazem parte do cardápio durante os dias que passam no mar.
Quando dormiam, um pescador sempre ficava acordado para evitar encontros com navios e transatlânticos. Bebida alcoólica não fazia parte do cardápio. “Imagine só quatro homens bêbados, num barco pequeno, morria tudinho", brincou.
Durante os últimos anos, muitas mudanças aconteceram na cidade e no ofício de Euclides também. Hoje os pescadores são mais capacitados e mais organizados, inclusive na hora do pagamento que antigamente chegavam a esperar semanas para receber.
“As pedras não param, imagine o homem”
Euclides já viajou bastante por conta da vida de pescador. “Já passei pelo Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Rio Grande do Sul e até pelas ilhas de São Pedro e São Paulo, onde o avião da Air France desapareceu. Se as pedras não param imagine o homem”, afirma Euclides.
Com todos os perigos e estórias de criaturas do mar, Euclides só teve medo uma vez durante o período de trabalho. Os quatro pescadores passaram três dias à deriva na Baia da Traição, no Rio Grande do Norte. Eles já estavam ficando sem água e com muito medo. Euclides manteve a calma enquanto dez barcos estavam fazendo a busca dos pescadores que foram encontrados por conta da bandeira vermelha hasteada, que significa perigo.
A barraca de Euclides funciona de terça a domingo, das 5h30 às 12h30, no mercado de peixe, em Tambaú. O quilo do pescado varia entra R$ 10 a R$ 30. Mais vá com tempo para aprender alguns pratos com Euclides.
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