VIDA URBANA
ONG registra mais de 70 casos de estupros na PB
De acordo com Centro da Mulher 8 de Março, ano passado foram 71 ocorrências. De 2012 a 2014 houve redução.
Publicado em 20/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 28/02/2024 às 17:21
O silêncio ainda é o grande vilão que impede um combate mais eficaz à violência sexual contra mulheres. Isso porque nem sempre as vítimas denunciam os acusados à polícia, por medo, deixando o sofrimento virar rotina em meio ao silêncio. Segundo a Organização Não Governamental (ONG) Centro 8 de Março, os casos de estupros e abusos que são registrados não chegam a ser 20% do que realmente acontece, justamente por falta de denúncia e alerta que as crianças e adolescente são as mais atacadas.
O Centro 8 de Março se dedica às campanhas de conscientização sobre violência contra a mulher e faz todos os anos um levantamento de estupros na Paraíba. No ano passado a ONG registrou 71 casos em todo o Estado e, entre estes, 27 foram contra crianças com menos de 12 anos; 22 contra adolescentes de 12 a 17 anos; e outros 22 casos foram contra mulheres com idades acima de 18 anos. Os números de tentativas também são maiores contra crianças e adolescentes. Dos 15 casos contabilizados no ano passado, foram cinco contra crianças, sete adolescentes e mais três contra mulheres adultas.
De acordo com os dados levantados pelo Centro 8 de Março, os casos de estupros registrados na Paraíba estão reduzindo entre 2012 e 2014, chegando a ter uma queda de 27,5% entre 2013 (98) e o ano passado. Sendo que, para o órgão, isso não significa que os casos de estupros estão reduzindo, mas que as vítimas estão denunciando menos, deixando as autoridades mais preocupadas.
Segundo a coordenadora da ONG, Irene Marinheiro, apesar das campanhas de conscientização nacional e das novas leis que protegem a mulher, as vítimas de violência ainda sentem medo de denunciar os acusados, principalmente quando são pessoas próximas ou da própria familiar. Por conta disso, a coordenadora estima que a cada um caso registrado na Paraíba, cinco continuam impunes, por falta de denúncia. As crianças acabam sofrendo mais, pois geralmente são ameaçadas e, pela inocência de não conhecer seus direitos, acabam mantendo o silêncio, conforme explica a coordenadora.
“As campanhas nacionais têm ajudado bastante as mulheres a terem confiança em denunciar, mas ainda é preciso avançar muito. Infelizmente muitas ainda sofrem caladas com medo de denunciarem e depois os acusados se vingarem, ou porque acham que vão se expor, mas esses mitos precisam ser quebrados. No caso de crianças e adolescentes, o medo é provocado pelas ameaças que os agressores fazem e na maior parte são pessoas da família”, explica Irene.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA solicitou os dados oficiais de estupros registrados pelos órgãos do Estado da Paraíba, mas nem a Secretaria de Segurança e Defesa Social (Seds), nem a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana disponibilizaram.
A secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares, disse que vai continuar com campanhas de incentivo para que as denúncias sejam feitas nos serviços de segurança, para que ocorram a notificação dos casos nos serviços de saúde. Além disso, ela prometeu que vai aumentar a divulgação para que as vítimas busquem atendimento especializado na rede de saúde até 72 horas para realizar a contracepção de emergência, teste de doenças sexualmente transmissíveis e para conseguir evitar a gravidez e o aborto decorrentes do estupro. (Especial para o JP)
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