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VIDA URBANA

Pacientes com câncer ficam sem assistência

Sessões de quimioterapia ou radioterapia no hospital terão que ser reguladas pela Secretaria de Saúde de João Pessoa.

Publicado em 13/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 15:55

Desde a última sexta-feira, os pacientes que precisam realizar sessões de quimioterapia ou radioterapia no Hospital Napoleão Laureano estão tendo que aguardar que o procedimento seja autorizado pela Secretaria de Saúde de João Pessoa. Com isso, alguns doentes estão sendo obrigados a voltar para casa, sem receber a assistência de imediato.

A medida começou a ser adotada após uma audiência convocada pelo Ministério Público da Paraíba, para discutir a situação financeira do Napoleão. O maior controle dos procedimentos vai atingir cerca de três mil pacientes que são submetidos às duas terapias todos os meses, na instituição.

Antes da medida, os pacientes precisavam apenas fazer um pré-agendamento para ter acesso às sessões. Segundo o diretor da unidade hospitalar, João Simões, a recomendação para solicitar a autorização antes de realizar os procedimentos foi feita pelo secretário municipal de Saúde, Adalberto Fugêncio, como forma de controlar os gastos.

Ele explicou que, apesar de ser referência no tratamento do câncer na Paraíba, o Napoleão Laureano está passando por dificuldades para atender os quase três mil pacientes da unidade.

Por mês, são gastos em torno de R$ 3 milhões, mas são necessários R$ 4 milhões. O acréscimo de R$ 1 milhão já foi solicitado ao governo federal, mas ainda não foi liberado.

“Não tem dinheiro para tratar câncer em João Pessoa. Temos equipamentos e equipes a postos, mas só faremos os procedimentos que forem autorizados pela Secretaria de Saúde de João Pessoa, que é a responsável por repassar os recursos do SUS (Sistema Único de Saúde). Se for autorizado, o procedimento será feito”, afirmou o diretor João Simões.

Já o secretário municipal de Saúde, Adalberto Fugêncio, explicou que a recomendação para controlar as despesas com realização dos procedimentos médicos faz parte de normas criadas pelo SUS. Ele explicou que todo serviço mantido pelo Sistema Único de Saúde é regulado entre municípios, Estado e governo federal, para garantir a obediência ao teto financeiro dos hospitais.

“Essa regulação deve ser feita para todo e qualquer tipo de procedimento, como cirurgia e sessão de radioterapia ou quimioterapia, desde que sejam eletivas. Ou seja, atendimento de urgência e de emergência é prestado na hora. O paciente não tem que esperar. Já nos outros casos, é preciso passar pela regulação. Isso é um protocolo seguido no Brasil todo”, declarou.

Para os portadores de câncer, a situação é motivo de preocupação e angústia. Um empresário, que não quis se identificar, disse que o pai retirou um tumor no pescoço, no mês passado. De acordo com o agendamento médico, o paciente deveria começar a fazer radioterapia ontem, mas não conseguiu.

“Quando chegamos ao Napoleão, nos disseram que estava tudo
suspenso e que era para voltar para casa e esperar até que tudo fosse resolvido. Isso é ruim, porque a gente fica sem saber a quem recorrer”, lamentou o empresário.

Já o diretor João Simões disse que nenhum serviço está suspenso. “O que está ocorrendo é que os pacientes só serão atendidos após a autorização da Secretaria de Saúde. O tempo para obter essa autorização varia muito. Pode ser de horas ou até de dias”, enfatizou.

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Jornal da Paraíba

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