Para cortar gastos, Centro da UFPB impede uso de banheiro

Entre falta de papel higiênico, manutenção técnica e toiletes sujos por todo o Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o acesso para alguns banheiros da instituição está restrito em um dos mais numerosos centros. O trancamento de mais da metade dos banheiros do Centro de Ciências Médicas (CCM) em João Pessoa durante parte do dia estaria sendo ocasionado por corte de gastos.

Entre as 11h30 e 13h, 16 dos 24 banheiros são trancados pela equipe de servidores do CCM. “É justamente nesse horário que mais precisamos utilizar os banheiros. Muitos alunos, como eu, que passam o dia na universidade, ficam sem ter como fazer higiene pessoal após o almoço. Temos que ir em outro prédio para escovar os dentes, por exemplo”, disse um aluno do curso de Medicina que não quis ser identificado.

O estudante complementou que apenas os banheiros do segundo andar funcionam neste horário e, consequentemente, ficam lotados. O CCM conta com mais de 600 alunos, além da equipe de professores e servidores, totalizando mais de 800 pessoas. Para atender os alunos desse e de centros próximos, são apenas quatro banheiros femininos e quatro masculinos em funcionamento no período.

“Isso não é justo nem para nós, nem para os alunos do Centro de Ciências da Saúde (CCS), por exemplo. A universidade é de todos, nós utilizamos espaços deles, como os laboratórios, e eles utilizam espaços nossos também”, declarou ainda o estudante de Medicina.

Quando questionada pelos alunos, a administração do CCM justificou o ato como corte nos gastos, afirmando que alunos de outros centros também utilizam os banheiros e a manutenção estava acima do orçamento.

O professor Eduardo Sérgio, diretor do CCM, por sua vez, explicou que os banheiros estão fechados para manutenção. A medida foi tomada agora neste mês. “Os banheiros funcionam entre 6h e 11h. No intervalo das 11h30 às 13h, está sendo feita a limpeza dos WCs. Não chegou até nós nenhuma reclamação de alunos de Medicina”, declarou. “Muitos universitários frequentam os banheiros daqui por serem muito bem cuidados e bem abastecidos. Mas nós não temos como atender à demanda de todos”, continuou.

Apesar da declaração, o diretor não soube explicar se a utilização por alunos de outras áreas afeta o orçamento. Eduardo Sérgio afirmou que vai estudar junto com a equipe de limpeza a possibilidade de outra tática para que todos os 16 banheiros não sejam fechados simultaneamente.

O JORNAL DA PARAÍBA flagrou um funcionário utilizando o banheiro no horário em que estava fechado para estudantes. A mesma reclamação havia sido feita momentos antes por parte dos acadêmicos.

Centros

O posicionamento adotado para a suposta manutenção foi questionado pela Prefeitura Universitária. Amauri de Sousa, diretor da Diretoria de Serviços Gerais, explicou que os servidores são instruídos a limpar os banheiros a cada duas horas e os Centros precisam ter controle disto. “As portas deveriam ser abertas sempre. Os banheiros da universidade são públicos e precisam funcionar das 6h às 22h45, de segunda a sexta”, declarou.

Quando entrevistados, diretores do CCHLA e CE afirmaram que a precariedade dos banheiros é fruto tanto do número insuficiente de servidores, quanto pela depredação por parte dos próprios usuários.
Amauri de Sousa confrontou afirmando que é disponibilizada uma quantidade suficiente de servidores para estes centros e que a diretoria dos centros precisa ter um melhor gerenciamento.

O diretor explicou que a Prefeitura Universitária disponibiliza os funcionários terceirizados, mas são os Centros que gerenciam. Os materiais devem também ser adquiridos pelos diretores, que recebem verbas da Reitoria específicas para isto.