VIDA URBANA
Paraíba restaurou mais de 5 mil hectares de Mata Atlântica em cinco anos, revela estudo
Pesquisa pioneira demonstra avanço do estado na restauração do bioma.
Publicado em 15/06/2019 às 7:00 | Atualizado em 17/06/2019 às 9:31
Um dos 17 estados brasileiros que possuem em seu território florestas nativas na Mata Atlântica, a Paraíba tem avançado na questão restauração do bioma nos últimos anos. Segundo o artigo “There is hope for achieving ambitious Atlantic Forest restoration commitments”, publicado na revista científica Perspectives in Ecology and Conservation, o estado conseguiu, entre os anos de 2011 e 2015, um total de 5.513 hectares.
Segundo o estudo, que conseguiu estimar qual é o atual estágio da restauração de florestas nativas na Mata Atlântica, em 2015, último ano avaliado, foi o melhor resultado obtido pela Paraíba. Neste ano, o estado conseguiu restaurar 1.792 hectares.
O estudo foi produzido pelo Pacto para a Restauração da Mata Atlântica, um movimento criado em 2009 por empresas, órgãos do governo, organizações da sociedade civil e centros de pesquisa, para estimular a restauração de 15 milhões de hectares de áreas degradadas no bioma até 2050. O trabalho envolveu mais de vinte autores, de dez instituições diferentes.
Desafio de Bonn
Em 2011, o Pacto se comprometeu com o Desafio de Bonn (Bonn Challenge) com a meta de restaurar 1 milhão de hectares na Mata Atlântica até 2020. Os resultados do estudo mostram que é possível bater essa meta. “Os números trazem a esperança de que metas de restauração ambiciosas possam ser atingidas, trazendo benefícios para a população e ajudando o Brasil a cumprir seus compromissos internacionais”, diz Renato Crouzeilles, líder do estudo e pesquisador do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS). O Brasil se comprometeu com a recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030 no seu Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa e no Desafio de Bonn.
A restauração de paisagens e florestas é uma atividade crucial para recuperar áreas degradadas do país, protegendo a biodiversidade, nascentes, rios, solo e ampla promoção dos serviços ecossistêmicos. Além disso, a restauração pode mover uma economia da floresta nativa baseada em produtos não-madeireiros, plantação de árvores nativas para madeira, coleta de frutas, castanhas, sementes e extração de princípios ativos para fármacos e essências.
“O estudo vem a demonstrar a importância de iniciativas multissetoriais para o ganho de escala e abertura de oportunidades socioeconômicas na cadeia produtiva da Restauração florestal”, diz Severino Ribeiro, que foi o coordenador do Pacto para a Restauração da Mata Atlântica durante o desenvolvimento do estudo.
Ludmila Pugliese, atual coordenadora do Pacto ressalta: “é vital o engajamento da sociedade na ampliação da escala da restauração, já que essa atividade deve ser vista como um meio de transformação da sociedade. Desta forma é importante cada vez mais ressaltar seu aspecto inclusivo e agregador. Estamos comunicando a resposta positiva de toda sociedade frente a uma dos maiores desafios do século.”
Os números da restauração
Usando o mapeamento de satélite do projeto MapBiomas, o trabalho estima que estavam em processo de recuperação entre 673 e 740 mil hectares de florestas nativas nos anos de 2011 e 2015 na Mata Atlântica. Se essa tendência se manter até 2020, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica superará seu compromisso de restauração, atingindo a recuperação de cerca de 1,4 milhão hectares de florestas nativas na Mata Atlântica.
O estudo estima que cerca de 300 mil hectares de florestas foram recuperados por intervenções ativas de um dos mais de 350 membros do Pacto. O restante pode ter sido restaurado por outros atores ou ser resultado de regeneração natural, no entanto, não é possível distinguir a contribuição de cada técnica de restauração.
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