VIDA URBANA
PB tem 337 mil deficientes analfabetos
Estado possui 1.036.842 pessoas que apresentam algum tipo de deficiência.
Publicado em 24/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 01/06/2023 às 16:39
A Paraíba possui o quarto maior percentual do Nordeste de pessoas com deficiências que são analfabetas. No Estado são 1.036.842 habitantes com mais de 5 anos de idade que apresentam problemas mentais, intelectuais ou limitações para se locomover, ouvir ou enxergar. Deste total, 337.947 não sabem ler nem escrever, o que corresponde a um percentual 32,59%.
O índice só é menor em relação aos apresentados por Piauí (35,54%), Alagoas (35,38%) e Maranhão (32,93%). Os dados são do Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).
A quantidade de deficientes analfabetos do Estado corresponde ao total de moradores das cidades de Bayeux (99.716), de Patos ( 100.674) e Santa Rita (120.310) e Remígio (17.247).
O estudo ainda mostra que a maioria dos analfabetos é formada por pessoas que sentem alguma dificuldade para enxergar, mas que não são totalmente cegas. São 191.146 indivíduos nessa situação. A quantidade representa 56,56% do total de deficientes analfabetos do Estado.
Para o presidente do Instituto de Cegos da Paraíba, José Antônio Freire, as estatísticas são reflexos da ausência de políticas públicas. “Esses dados não são surpresa para nós, porque a Paraíba é um dos Estados mais pobres do Brasil.
Além de alto índice de pessoas com deficiências, ainda investe pouco na educação desses habitantes. Os professores não são preparados para receber alunos com deficiências e falta estrutura nas escolas”, lamenta.
O pesquisador observa que a falta de visão não justifica o analfabetismo. Ele garante que estudantes cegos ou com dificuldades de enxergar podem, perfeitamente, ser alfabetizados, desde que encontrem incentivo e estrutura.
“Quem tem baixa visão tem muito mais facilidade em ser alfabetizado do que uma pessoa totalmente cega. Basta que a escola forneça lupas, telelupas, material em braille ou escrito com letras ampliadas”, ressalta.
“É preciso que as escolas estejam preparadas e que os professores recebam qualificação, mas falta política pública. Isso é resultado de uma dívida histórica que o governo tem com o segmento”, afirma.
Cerca de 100 pessoas são atendidas no Instituto de Cegos da Paraíba. Deste total, a maioria não enxerga de modo algum e, mesmo assim, consegue aprender a ler e a escrever.
Segundo Freire, o segredo está na metodologia aplicada. “No Instituto, a criança é alfabetizada em braille. Depois, é matriculada na escola convencional, onde continua a aprendizagem, porque a educação deve ser inclusiva. Os alunos ficam na escola em um turno e, no outro, recebem reforço no Instituto”, diz.
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