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VIDA URBANA

Pesquisadores fazem 'vaquinha' para estudar microcefalia em Campina Grande

Ipesq quer conseguir pelo menos R$ 200 mil para construção de centro de referência na malformação cerebral.

Publicado em 29/05/2016 às 14:30

Cerca de dez meses depois que especialistas do Nordeste registraram aumento inesperado de nascimentos de crianças com microcefalia, pesquisadores de Campina Grande planejam abrir um centro de referência na malformação. Para arrecadar dinheiro destinado à construção do prédio, o Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq) faz campanha no site colaborativo Catarse.

“Para que a gente possa entender a doença, precisamos de estrutura. Não dá para estudar o ouvido da criança (com síndrome congênita do zika) em um lugar, o olho em outro, o cérebro em outro. Não dá para dissociar os efeitos”, disse a presidente do instituto, Adriana Melo. A especialista em medicina fetal foi a primeira pesquisadora a encontrar o vírus zika no líquido amniótico de uma gestante que teve o filho com microcefalia.

O instituto, sem fins lucrativos, foi criado em 2007 por médicos que queriam aprofundar pesquisas relacionadas à saúde materno-infantil. “Para as pesquisas que desenvolvíamos, a estrutura de nosso grupo era o suficiente. Usávamos uma sala da minha clínica. Depois que passamos a receber as gestantes que tiveram zika, a prefeitura nos disponibilizou um hospital com estrutura pequena. Acompanhamos 60 bebês com microcefalia, mas o ideal era que acompanhássemos também os bebês cujas mães tiveram zika e não nasceram com a malformação. Só que não temos nem estrutura nem dinheiro”, disse Adriana.

Segundo a pesquisadora, a prefeitura de Campina Grande cedeu o terreno e um escritório de engenharia fez o projeto do centro. Além disso, empresas e o Ministério da Saúde se comprometeram a doar equipamentos. O objetivo da campanha é conseguir arrecadar R$ 200 mil para a construção do prédio. Até este domingo (29), 12 dias após o início, a campanha tinha conseguido R$ 12 mil.

Pesquisa

De acordo com o instituto, duas crianças com microcefalia diagnosticada durante a gestação morreram nessa semana, mas só tiveram recursos para colher o material de uma delas, para verificar se a morte foi relacionada ao vírus zika. “Como médica, pesquisadora e ser humano, digo que esse é o momento de entendermos a doença. Espero estar errada, mas acho que não vivenciamos o pior”, pontuou Adriana.

Pelo Ipesq passaram 500 mulheres que tiveram sintomas de zika durante a gestação, todas encaminhadas pelos serviços médicos da região.

Ainda não se sabe porque algumas gestantes com zika têm bebês com microcefalia e outras não, nem se uma vez infectada pelo vírus a doença pode voltar ou mesmo como é o desenvolvimento das crianças que não nasceram com a malformação, mas cujas mães tiveram zika na gestação. “As dúvidas são muitas, vontade de investigar a gente tem e ideias também, mas nos faltam recursos. Tem hora que dá vontade de desistir”, desabafou Adriana Melo.

De acordo com o último boletim divulgado pela Saúde da Paraíba, já foram confirmados 129 casos de bebês que nasceram com microcefalia no Estado. Também já se tem a confirmação de 11 mortes associadas à malformação e outras 10 estão em investigação.

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Jornal da Paraíba

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