VIDA URBANA
PMs em alerta e mais estressados
Tensão e responsabilidade pela vida de terceiros são apenas alguns dos desafios impostos na vida de quem decide seguir carreira policial.
Publicado em 07/10/2012 às 6:00
O estado de alerta não acaba com o fim do trabalho. Mesmo em folga, o policial Antonio de Souza Filho, 31 anos, permanece de posse da arma, que pode ser usada a qualquer momento. Capitão da Polícia Militar (PM), ele é o atual responsável pela segurança de Mandacaru, um dos bairros de João Pessoa com alto índice de violência. Em dez anos de serviço, o militar já perdeu a conta das ameaças de morte que recebeu de bandidos.
Em março deste ano, quase perdeu a vida durante uma operação. Ele e o sargento Pedro Alcântara foram baleados durante um confronto com traficantes e precisaram ficar por quase um mês internados em hospital. O episódio, que fez o oficial redobrar os cuidados com a proteção pessoal, colocou em evidência os riscos de um trabalho que ameaça a vida e a saúde dos profissionais.
“Para onde eu for, eu levo minha pistola. Só me separo dela quando estou no banho. Até quando vou dormir, a deixo em uma mesinha do lado da cama, sempre ao alcance da mão”, conta o policial.
Tensão, estresse, responsabilidade pela vida de terceiros e risco de sofrer atentado a qualquer momento são apenas alguns dos desafios impostos na vida de quem decide seguir carreira policial.
No entanto, as dificuldades da profissão aliadas à ausência de remuneração melhor e à falta de descanso estão causando problemas à saúde dos militares.
Segundo uma pesquisa feita pela Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Paraíba, o número de policiais que ficam doentes por causa do exercício do trabalho está aumentando.
De acordo com o presidente da entidade, coronel Francisco de Assis, no primeiro semestre de 2009, 1.262 policiais pediram dispensa médica. No mesmo período do ano seguinte, esse número subiu para 2.046 e, em 2011, a quantidade foi de 2.465.
“Os dados mostram que entre 2010 e 2011 houve um crescimento de 20% na quantidade de PMs que solicitaram a dispensa médica. Em relação aos anos de 2009 e 2011, o percentual foi bem maior”, diz.
Para o coronel, isso se deve principalmente ao déficit de profissionais que a Polícia Militar possui atualmente. “De acordo com a Lei Nº 87/2008, que determina o efetivo da PM, a Paraíba deveria ter 17.935 homens e mulheres. Mas só possui cerca de 9.200. É uma defasagem muito grande. Sem contar que a Organização das Nações Unidas (ONU) ainda preconiza que os Estados tenham um policial para cada 250 habitantes, algo que está longe de acontecer na Paraíba”, afirma.
O subcomandante geral da Polícia Militar da Paraíba, coronel Francisco de Assis Castro, reconhece que a PM ainda necessita de mais policiais. Segundo o subcomandante, somente este ano foram quase 900 convocados. “Além desses 900, nós ainda temos os policiais da reserva, que são responsáveis pelo serviço interno, enquanto os novos convocados vão atuar nas ruas”, explica.
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