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VIDA URBANA

Poluição em alto nível nos rios da capital

Despejo de resíduos sólidos dentro dos rios favorece os alagamentos durante período chuvoso, nas comunidades ribeirinhas.

Publicado em 20/03/2013 às 6:00


Colchões, ventilador, ferro de passar, televisores e mouse são alguns objetos que deveriam estar nas prateleiras de lojas comerciais, mas que estão jogados ao longo do rio Jaguaribe, em João Pessoa. A situação se repete em outros rios que cortam a cidade. Na Semana Mundial da Água, a Defesa Civil apela para conscientização da população ribeirinha. Órgão municipais afirmam a realização de um trabalho conjunto para retirada dos resíduos sólidos.

O aposentado Valdemir Gomes de Oliveira mora no bairro São José há 40 anos, próximo às margens do rio Jaguaribe, e lamentou a situação do local. “Quando vim morar aqui, a água era tão limpa que usávamos para beber e tomar banho, além de pescar. Mas depois que começaram essas construções na beira do rio, começou a poluição. É triste ver o rio assim”, relatou.

Segundo o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Francisco Noé Estrela, o órgão tem trabalhado com base no calendário de ações de prevenção para o período chuvoso desde o dia 15 de janeiro deste ano, contemplando inclusive a limpeza de rios. “É um trabalho minucioso e lento devido a dificuldade de acesso nas margens. Esperamos realizar pelo menos 90% de limpeza em toda a extensão dos rios, retirando todos os objetos, além da vegetação, que é um indicador de águas poluentes”, afirmou.

Noé Estrela acrescentou que a não retirada da vegetação corresponde à ocorrência de alagamentos durante o período chuvoso, por serem plantas flutuantes. “Essa remoção possibilita que o rio flua com normalidade. Também atuamos em parceria com a Seinfra (Secretaria Municipal de Infraestrutura), para a limpeza de bueiros, que devido os resíduos jogados nas ruas impedem o fluxo na tubulação. Mas para o nosso trabalho ter o efeito desejado, pedimos a conscientização da população para que coloquem o lixo nos recipientes adequados, evitando prejuízos no período chuvoso”, alertou.

Já o diretor de Operações da Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (Emlur), Mozart de Castro, disse que as ações de limpeza dessas áreas de risco, que antes eram feitas por remediações, agora está sendo feita de forma rotineira. “Iniciamos a ação no rio Cabelo, que tem desembocadura nas praias da Penha e do Seixas, onde temos os relatos mais críticos. Já estamos finalizando essa limpeza, em seguida, vamos para o rio Jaguaribe, desde a rua Tito Silva até a avenida Beira Rio, bem como no bairro São José, onde faremos o trabalho braçal de manutenção, já que a limpeza com máquinas já foi feita”, afirmou.

Mozart de Castro disse, ainda, que as ações da Emlur estão sendo realizadas prioritariamente nas áreas mais críticas da cidade, em conformidade com as indicações da Defesa Civil, mas que uma rotina diária será estudada, afim de elaborar um planejamento de estratégia de enfrentamento do problema.

SEMAM
De acordo com o geógrafo e titular da Direção de Estudos e Pesquisas Ambientais da Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa (Semam), Euzivan Lemos Alves, o órgão realiza fiscalizações no entorno dos rios baseadas em denúncias, onde o agente poluidor, seja de óleos e graxos até resíduos da construção civil, recebe infração e multa que pode variar de R$ 5 mil a 50 milhões, respaldadas pela Lei de Crimes Ambienteis.

Segundo Euzivan Lemos Alves, o órgão emite duas vezes por ano, um memorial descritivo à Emlur com informações da área, problemas e recomendações de intervenção a cada trecho de rio, que corresponde a uma autorização ambiental para a realização da limpeza. “Temos ainda o problema de lançamento de esgoto doméstico constante. Para isso, contamos ainda com a contribuição da Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba) em busca de acordo sobre a infraestrutura de esgotamento sanitário, mas é muito deficiente, precisa avançar bastante. Em virtude disso, estamos realizando intervenções estruturantes através do projeto Zeis (Zona de Interesse Social), voltado para as famílias de baixa renda que residem às margens dos rios”, disse.

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Jornal da Paraíba

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