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VIDA URBANA

Por que as praias proibidas ao banho são sempre as mesmas?

Problema se repete todas as semanas em  Manaíra, Penha, Bessa e Arraial, em João Pessoa, além do Jacaré, em Cabedelo, e Pontinha, em Pitimbu.

Publicado em 05/04/2015 às 8:00 | Atualizado em 16/02/2024 às 11:02

Das 56 praias localizadas no Litoral da Paraíba, seis sempre têm condições inadequadas para banho, de acordo com relatórios elaborados semanalmente pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema). Mais por que isso acontece? Segundo o órgão, isso se deve ao fato de elas estarem situadas em perímetros urbanos, nos quais acabam ficando mais suscetíveis à poluição. Além de prejuízos ao meio ambiente, essa poluição constante pode implicar em riscos para a saúde de quem, inadvertidamente, se banhar nesses locais.
Somente esse ano, as praias de Manaíra, Penha, Bessa e Arraial, em João Pessoa, além do Jacaré, em Cabedelo, e Pontinha, em Pitimbu, foram classificadas diversas vezes com más condições de balneabilidade. Conforme reconheceu o coordenador do laboratório de medições ambientais da Sudema, Joel Neto, esse é um grave problema que advém de fatores como a falta de consciência ambiental. “Geralmente praias de um perímetro mais urbanizado apresentam maior susceptibilidade a ficarem impróprias. As praias do Litoral Norte, devido a sua baixa densidade populacional costeira, apresenta sempre melhor qualidade”, comentou.
“Em geral isso decorre da falta de consciência ambiental da população, haja vista que a partir da ponta do Cabo Branco até o final da praia de Intermares existe rede coletora à disposição da população. Manaíra, por exemplo, possui todas as ruas com rede coletora de esgoto”, afirmou, destacando que, em sua opinião, esse problema só poderá ser resolvido após a ação conjunta de diversos órgãos. E enquanto isso não acontece, a Sudema, que semanalmente analisa a qualidade da água das praias situadas em perímetros urbanos e mensalmente aquelas localizadas nos demais municípios do Litoral, disponibiliza placas indicativas nas praias para indicar se ela está própria ou não para banho. “Placas Verdes indicam que a praia está própria pra banho e Vermelho, imprópria”, alertou Joel Neto.
Além de causar transtornos para quem vai até as praias do Litoral da Paraíba, a poluição ainda acarreta em crime ambiental, que pode gerar multa que vai de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, de acordo com o superintendente substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ediberto Farias. Ele explicou que a competência da análise das condições de balneabilidade das águas são de responsabilidade da Sudema, contudo qualquer órgão de proteção ambiental pode autuar em caso de flagrante do crime.
Ediberto relembrou que, no final do ano passado, o Ibama flagrou um caso de degradação ambiental no município de Pitimbu. “Lá tem um Maceió que é frequentemente poluído por conta de esgotos do município. Então, mesmo que não tenha um poluidor em si, mas sim todo o município, se for de conhecimento da Prefeitura, então se caracteriza como um caso de negligência. As multas, para esses casos de degradação podem ir de R$ 5 mil a R$ 5 milhões”, afirmou. Esse processo ainda está em fase de tramitação administrativa, e a multa aplicada pelo Ibama nesse caso foi de R$ 260 mil.
Sujeira pode ser resultado de ligações clandestinas
Apesar de haver a possibilidade de autuação, muitos dos casos de poluição são difíceis de ser solucionados, de acordo com o superintendente substituto do Ibama. Ele explicou que, mesmo que se observe pontos de poluição nas águas, muitas vezes eles dificilmente têm sua origem localizada ou, ainda, nem sempre são frutos de poluição. “Muitas vezes águas sujas ficam acumuladas nas galerias pluviais e, quando chove, essas águas rompem as barreiras que estavam impedindo sua passagem e acabam indo para o mar. Isso aconteceu uma época la na altura do Bahamas, em Manaíra, quando uma água preta começou a ser vista e, quando identificamos, vimos que tinha vindo com as chuvas”, relatou.
A água acumulada nas galerias pluviais muitas vezes, além de acúmulo de água de chuvas, ainda pode ser consequência de ligações clandestinas da população. Esses esgotos também se acumulam e depois correm junto com as águas das chuvas. Nesses casos, Ediberto comentou que é muito difícil de se detectar a origem e, para reverter essa situação, é preciso um maior trabalho de conscientização por parte da população.
Água suja, acumulada nas galerias pluviais, ou ainda ligações de esgoto clandestinas nessas áreas são as principais fontes da poluição encontrada nas praias do Litoral da Paraíba. Para garantir uma diminuição do problema e, ainda, a autuação dos responsáveis pelas más condições de balneabilidade das praias, os órgãos de proteção ambiental de cada município realizam ações como a constante limpeza das galerias pluviais.
Conforme o coordenador do laboratório de medições ambientais da Sudema, Joel Neto, em parceria com diversos órgãos ambientais, a Sudema realiza a fiscalização e a autuação dos poluidores. “Nosso relatório é encaminhado a cada órgão e eles tomam também as suas providências. Além disso, para conscientizar quanto à necessidade de manter a integridade das praias, realizamos trabalhos de educação como os projetos Nossa Praia, Sudema na Escola Todo Dia, Semana da Água, Semana do Meio Ambiente, entre outros”, declarou.
Para garantir a integridade das praias de João Pessoa, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) explicou, por meio de sua assessoria de comunicação, que realiza regularmente ações de mapeamento e fiscalização para coibir as ligações clandestinas nas galerias pluviais. Estas, por sua vez, passam por limpezas diárias. A limpeza dos chamados lançamentos (saída da coleta de água) existentes na orla é feita três vezes por semana. Quando o órgão detecta alguma ligação clandestina, a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) é contatada.
A Semam, por sua vez, também se pronunciou por meio da assessoria explicando que, diariamente, das 7h às 22h, mantém equipes atentas às denúncias de poluição ambiental, o que inclui a fiscalização das praias da capital.
Em se tratando de lançamento de esgotos, a Semam atua com notificação e autuação tendo como base os levantamentos feitos pela Seinfra. Segundo a assessoria, a divisão de fiscalização do órgão registrou, este ano, 635 denúncias, das quais 30 foram de águas servidas (águas de torneira de pia, de máquina de lavar ou de tanques que são jogadas diretamente nas ruas e param nas galerias pluviais). No ano passado, foram 225 denúncias.
Em Cabedelo, poluição vem do rio Paraíba
Com relação ao problema de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa, o secretário do Meio Ambiente, Walber Farias, reconheceu o problema como sendo um dos maiores enfrentados pela prefeitura. Segundo Walber a poluição da praia do Jacaré vem do rio Paraíba, que recebe efluentes de toda a Região Metropolitana de João Pessoa. “A balneabilidade de lá (da praia do Jacaré) é comprometida e, para nós é difícil trabalhar porque essa poluição vem de uma área que fica fora da nossa jurisdição. Grande parte dos lançamentos é de responsabilidade direta da Cagepa, que não trata os esgotos como deveria e os lança no Baixo Róger, na Beira Rio, e polui os rios em João Pessoa, que se unem e deságuam aqui (na praia do Jacaré). Nós temos trabalhado a questão das ligações clandestinas em Cabedelo autuando, mas a principal questão é a poluição dos rios e temos lutado para nos unir com todos os órgãos, inclusive o Ministério Público, para combatermos de forma mais incisiva essa questão”, afirmou.
Em Pitimbu falta saneamento básico
A Cagepa, por meio de assessoria, explicou que o município de Pitimbu não possui saneamento básico, e, por isso, a responsabilidade com o local é da Prefeitura. Já em João Pessoa, a praia de Manaíra e dos demais pontos que sempre aparecem poluídos são saneados e a poluição é decorrente de ligações clandestinas nas galerias pluviais, que são de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Em relação às denúncias do secretário do Meio Ambiente de Cabedelo, a Cagepa informou que a estação de Tratamento de Esgotos (ETE), no Baixo Róger, na capital, destina os efluentes para o rio devidamente tratados. Disse ainda que na ETE, da Avenida Beira Rio, também na capital, só ocorre transbordamento de esgotos para o rio quando há falta de energia ou por rompimento do emissário, fato que ocorre eventualmente.
Água suja acarreta problemas de pele
A presença de coliformes fecais nas praias bem como de esgotos que podem conter qualquer tipo de substância podem acarretar desde problemas simples de pele até graves problemas gastrointestinais. De acordo com a dermatologista Karla Meira, as infecções por esses detritos podem ter dificuldades no seu tratamento por não se ter noção da origem dos agentes causadores.
“Resto de sabão, água sanitária, ácido, além dos coliformes fecais. Tudo isso pode ser encontrado em águas onde existem dejetos de esgotos e isso pode implicar em problemas gastrointestinais e também, dependendo do paciente, se ele tiver uma lesão aberta esta pode se tornar infectada por conta deste detrito que está sendo veiculado pela água”, explicou.
Segundo a médica, não é difícil uma pessoa ir à praia e não ter alguma lesão. “Quem vai à praia sempre se depila ou homens fazem a barba e basta essa simples lesão para se pegar alguma dermatite de contato”, alertou. Tanto pelos perigos de se contrair uma dermatite quanto pelas dificuldades no seu tratamento em caso de contágio, a médica alertou quanto à necessidade de buscar se informar antes de ir a alguma praia. “É preciso que se evite praias que não oferecem segurança. O noticiário está sempre falando e as pessoas podem pesquisar na internet. É bom estar alerta quanto a isso”, orientou.
Em caso de contágio, procurar um médico deverá ser a primeira medida e é indispensável que se evitem medicina alternativa ou medidas caseiras, conforme a médica. “Muitas pessoas colocam algumas coisas e podem aumentar a irritação ou a lesão. Então, se for infecção, procurar o gastroenterologista, que passará algo e solicitará exames complementares. E se for irritação procurar dermatologista para tentar pela característica da lesão procurar o tratamento adequado. Às vezes ele foi a praia e o q ele adquiriu nem foi da água, foi da terra. Nesses casos, o tratamento é completamente diferente. Temos que ver a irritação dermatológica para fazer o tratamento adequado”, complementou.
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Jornal da Paraíba

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