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VIDA URBANA

Postos de Saúde usam grades e cadeados em João Pessoa

Assaltos, arrombamentos e ameaças assustam funcionários e pacientes. Profissionais da Saúde trabalham protegidos por grades temendo a violência em JP. 

Publicado em 21/06/2015 às 13:00

Grades, correntes, cadeados, e funcionários no interior do prédio atentos para cada pessoa que bate à porta. Essa é a situação a que profissionais de saúde da Unidade de Saúde da Família (USF) Jardim Planalto I e II têm que se submeter para poder se sentir seguros dentro do ambiente de trabalho. Assim como nesse bairro, pelo menos outras quatro unidades de saúde espalhadas por João Pessoa preocupam profissionais que ali atuam. Entidades representativas desses profissionais reconhecem o problema e cobram medidas mais enérgicas no combate a essa violência.

Trabalhar atrás das grades não é uma opção para médicos, enfermeiros, dentistas e agentes de saúde que lidam na USF do Jardim Planalto, que fica no bairro de mesmo nome, em João Pessoa. Lá, grades fechadas com correntes e cadeado são a única forma de reprimir a violência constante existente no bairro. No dia em que a reportagem visitou o local, um assalto ao lado da USF fez com que todos redobrassem a atenção.

Maria da Silva (fictício) trabalha no local há quatro anos e revela que a insegurança é algo constante. Temerosa, além de não revelar o nome ela conversou com a reportagem enquanto ia a caminho de casa, por medo da violência ou, ainda, de ser vista revelando algo. Segundo ela, profissionais já foram assaltados, tiveram carros arrombados e têm que atender as pessoas com olhos e ouvidos alertas para não correrem o risco de, até mesmo dentro da unidade de saúde, ser vítima de alguma ação criminosa.

“Insegurança? Aqui é assim direto. Temos que fechar as grades e ver bem quem entra e quem sai. Qualquer coisa, a gente corre lá pra dentro. Hoje mesmo teve um assalto na esquina, quase do lado daqui. Então como a gente vai se sentir seguro?”, questionou, comentando que, devido ao aumento da violência, acredita na necessidade da existência de uma segurança especializada nas unidades de saúde. “Aqui só tem a gente. Nem vigia nós temos. Eu acho que a violência está demais, tanto que esse mês, em plena manhã, uma escola foi assaltada aqui no bairro, por isso deveriam ver os locais que estão mais frágeis. Nós somos um deles”, disse.

Realidade se repete em diversos postos de saúde de João Pessoa, relatam profissionais e pacientes. (Foto: Rizemberg Felipe)

O aposentado José Matias Freire lamenta a situação e revela também se sentir refém dessa violência. “Eu acho uma tristeza ver esses bandidos soltos na rua e a gente preso. Agora até dentro das unidades de saúde a gente tem que se sentir refém”, comentou.

A alguns metros de distância dali está a unidade de saúde do Bairro do Novais. O local possui uma estrutura muito maior do que aquela do bairro Jardim Planalto, contudo ambas convergem no quesito insegurança. De acordo com um funcionário do local, que não quis se identificar, existe um vigilante que fica na porta, mas ele não tem nenhum objeto que permita uma segurança mais ostensiva.

“Ele vem normal, como qualquer um de nós. Então, se vier uma ameaça armada, alguma coisa desse tipo, o pobre, é outra vítima. Aqui é muito perigoso”, revelou.

Pacientes contam que temem sair cedo de casa para pegar ficha
“Nós ficamos aqui horas esperando por uma ficha. Esse é um bairro perigoso, moça, e a gente também corre perigo. Uma vez nós estávamos esperando uma consulta e teve um tiroteio de uns homens de moto que passaram por aqui. O vigia fechou a porta do postinho e a gente ficou do lado de fora. Tivemos que nos jogar no chão”.

Esse foi o depoimento de uma das pacientes atendidas pela USF do Bairro dos Novais. Ela não quis se identificar e, com a filha no colo, revelou que não são apenas os funcionários de postos de saúde que temem a violência.

Assim como ela, a dona de casa Angélica Ribeiro também depende do atendimento no posto de saúde do Bairro dos Novais. Ela disse que sua situação é ainda mais complicada porque mora em uma distância considerável do posto de saúde e, às vezes, teme o horário em que tem que estar no local por conta da insegurança.

“Eu venho andando e minha casa não é perto daqui. A gente tem que vir bem cedo para pegar uma ficha e às vezes é inseguro. Não pensam em nós. Eu mesma, apesar de morar aqui, sei que esse não é um bairro seguro. Se bem que nenhum é mais, não é?”, questionou.

A aposentada Dagmar de Melo mora em frente a um posto de saúde na capital. Ela comentou que, há 10 anos, chegava a dormir com as portas abertas e, hoje em dia, a situação não é mais assim. Ela revelou que, morando em frente ao posto de saúde, já viu diversos funcionários sendo assaltados.

“Eu já vi gente sendo assaltada, carro sendo arrombado. Eu mesma não durmo mais à noite, porque acordo de tempo em tempo e fico acendendo a luz, andando pela casa, para os bandidos não acharem que não tem gente em casa”, disse, comentando que essa é apenas uma das medidas que toma para evitar ser vítima da violência.

Funcionários foram procurados, em USFs do Valentina, Mandacaru, bairro São José, mas não quiseram se pronunciar acerca do problema.

Dagmar de Melo é aposentada e mora em frente a um posto de saúde. Ela diz que violência é frequente no local. (Foto: Rizemberg Felipe)

Saúde e PM reforçam segurança
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) para dar algum pronunciamento sobre o problema, contudo a assessoria informou que todos os assuntos relacionados às unidades básicas de saúde são de responsabilidade dos municípios.

De acordo com a gerente da Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa, Manuela Ribeiro, a pasta tem pautado um diálogo constante com a guarda municipal, estabelecendo uma parceria em que há guardas civis municipais fazendo a segurança de algumas unidades de saúde da família, em outras há vigilantes de empresa de segurança terceirizados.

Outras 42 USFs estão em processo de instalação de sistemas de segurança eletrônica com câmera de monitoramento e alarme nas principais áreas de risco, a exemplo da USF Rosa de Fátima, no Valentina Figueiredo, e USF José Américo.

Policiamento
De acordo com o coordenador de comunicação da Polícia Militar (PM), major Cristóvão Lucas, em toda a capital, que é dividida por quadrantes para a realização das rondas policiais, existem viaturas realizando o trabalho rotineiro de vigilância. Ele destacou que a segurança específica das instituições públicas de João Pessoa são de responsabilidade da Guarda Municipal.

“Se detectarem um número maior de ocorrências em determinadas áreas, que a Polícia Militar seja acionada. Se assim formos, iremos atuar de forma mais incisiva em determinada localidade”, assegurou major Cristóvão Lucas.

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Jornal da Paraíba

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