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VIDA URBANA

Professores aprovam indicativo de greve

Além da deliberação sobre a greve dos docentes, também ficou acordada uma paralisação no próximo dia 7 de maio.

Publicado em 25/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 23/01/2024 às 12:02

Após uma assembleia deliberativa realizada na manhã de ontem, no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, os professores da instituição lotados na capital, bem como no campus IV, em Mamanguape e Rio Tinto, discutiram sobre a carreira docente, campanha salarial e aprovaram, com 60 votos, um indicativo de greve, porém sem data prevista para início. Alunos estão preocupados com o comprometimento do calendário letivo.

Além da deliberação sobre a greve dos docentes, também ficou acordada uma paralisação no próximo dia 7 de maio, quando será realizada a 'Marcha a Brasília' dos servidores públicos federais, e ainda nova rodada de assembleias para os dias 13 e 14 do próximo mês.

Os campi de Areia e Bananeiras, no Brejo paraibano, também se reuniram em assembleias esta semana, e ambas, além da paralisação no dia 7, decidiram a realização de uma nova assembleia no dia 13 de maio e aprovaram a proposta de um 'estado de mobilização permanente', que é a intensificação das atividades políticas e de mobilização nos campi. Em Areia, os professores também aprovaram um indicativo de greve, sem data de início.

Embora reconhecem que a greve é um direito do corpo docente, os alunos da UFPB se preocupam com as consequências dos dias de paralisação, como é o caso da estudante Bianca Evelly, 18 anos, que está cursando o primeiro período do curso de Química Industrial. Ela revelou que já sente a perda de estímulo nos estudos. “Uma greve é muito prejudicial. Minhas aulas deveriam ter sido iniciadas em março, mas só começaram agora em abril e isso ainda é decorrente da greve de 2012, que atrasou todo o calendário”, declarou.

Bianca Evelly ainda destacou que os discentes já estão sendo penalizados com a greve dos servidores administrativos. “O Restaurante Universitário e a biblioteca, por exemplo, não estão funcionando. Não estamos tendo acesso aos serviços disponibilizados pela universidade. Isso, aliado a uma greve acaba desestimulando o aluno”, observou.

De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da UFPB ( Adufpb), Jaldes Meneses, as reivindicações da categoria possuem quatro pontos centrais, sendo eles as condições de trabalho, reestruturação da carreira docente, valorização salarial de ativos e aposentados e respeito à autonomia universitária.

“É preciso reverter a situação de achatamento dos salários dos docentes, corroídos ano a ano pela inflação. A composição remuneratória é simplesmente remetida para tabelas anexas, nas quais aparecem apenas valores nominais, sem piso, sem lógica de evolução, sem relação entre regimes de trabalho e titulações.

Jaldes frisou que o governo mantém um discurso da defesa da autonomia, incentivando a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes) a avançar na desgastada proposta de uma Lei Orgânica, mas na prática cria uma série de mecanismos por meio de decretos, portarias, instruções normativas e projetos de lei que limitam a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial.

“Isso atesta contra o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, para tentar abrir caminho a condutas e contratos que visam à mercantilização da educação pública e da pesquisa acadêmica, como o Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades)”, pontuou Meneses.

UFCG SEM PARALISAÇÃO

Os docentes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) também se reuniram ontem, mas decidiram pela retirada do indicativo de greve. Contudo, segundo o diretor da Associação dos Docentes da UFCG (ADUFCG), Luciano Mendonça, a possibilidade de uma paralisação este ano não está descartada, uma vez que o assunto voltará a ser discutido em uma nova assembleia, que será realizada no mês de maio, quando as aulas forem retomadas.

Ele informou ainda que a decisão dos docentes será levada para uma reunião geral da categoria, que ocorrerá este final de semana em Brasília. Dependendo do que for decidido nesse encontro, a possibilidade de greve poderá ser rediscutida antes mesmo da próxima assembleia.

Os professores se reuniram no auditório da ADUFCG, no campus de Bodocongó, onde votaram 31 a favor da retirada, contra 28 que queriam manter o indicativo. “Desde 2012, com a última greve deflagrada em âmbito nacional, o governo federal não realizou nenhum tipo de acordo com os docentes e por esse motivo nós decidimos suspender a greve, mas o indicativo poderá ser retomado a qualquer momento, dependendo da posição que será adotada nacionalmente pela categoria. Por isso, não quer dizer que com a retirada do indicativo hoje (ontem) a questão não seja retomada. Provavelmente iremos discutir o mesmo assunto em maio”, informou Luciano Mendonça.

Ao comentar a decisão da categoria, o reitor da UFCG, Edilson Amorim, disse que os professores adotaram uma posição sensata ao retirar o indicativo de greve. Na avaliação dele, seria complicado se a categoria entrasse em greve nesse momento, por se tratar de um ano atípico, com uma série de eventos no calendário brasileiro. (Isabela Alencar)

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Jornal da Paraíba

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