VIDA URBANA
Projeto de reciclagem muda vida de apenados do Serrotão com arte
Ação da UEPB ensina detentos a fabricar produtos decorativos com palha.
Publicado em 31/07/2016 às 15:47
“A educação não formal é tão eficaz como educação formal e pode ajudar a transformar vidas humanas, agindo como ferramenta de inclusão social”. É com essa perspectiva que um projeto vem usando a arte de reciclar como forma de oferecer aos reeducandos do Presídio do Serrotão, em Campina Grande, a possibilidade de preencher o tempo ocioso e adquirir uma profissão futuramente para reconstruirem as vidas quando ganharem a liberdade.
O projeto “Direito Humanos e Cidadania: ocupação do tempo livre através da arte de reciclar”, coordenado pela professora Maria Lindacy Gomes de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), ensina os apenados a fabricar produtos decorativos a partir do uso da palha da bananeira. As oficinas são ministradas dentro do Câmpus Avançado pelos professores e artesãos Eraldo Luiz de Freitas e Lindomar da Silva Sousa. No total, 20 reeducandos estão participando das oficinas e a perspectiva é que sejam realizados pelo menos seis encontros.
A capacitação começou recentemente, mas os resultados já impressionam os monitores. Eraldo, que é natural de Machados (PE), e Lindomar, que é de Umbuzeiro (PB), já ministraram duas oficinas e garantem que os reeducandos estão empenhados em aprender a arte de reciclar. Nas oficinas eles estão confeccionando produtos como baú, porta retrato, jogos americanos, carteiras, capas para agendas, abajur, revestimentos para garrafas, entre outras peças, tudo a partir do uso da palha da bananeira. Além das palhas, eles usam cola quente e verniz, fornecidos pela UEPB.
Responsável pela implantação dos cursos, a professora Maria Lindacy destaca que o objetivo do projeto é transformar as vidas dos reeducandos do Serrotão através da arte. Além de elevar a autoestima e ajudar a preencher o tempo ocioso dentro da unidade prisional, a iniciativa ainda fornece elementos que permitirão aos apenados obter uma renda.
“A proposta é propiciar condições para que eles se sintam motivados e respeitados como cidadãos”, explicou Lindacy. Na primeira etapa do projeto, eles utilizaram revistas velhas e folhas de papel ofício usadas para confeccionar bolsas. Na próxima etapa, o projeto vai trabalhar com garrafas pets para a produção de pufes. A ideia é estimular e descobrir o talento dos reeducandos assistidos pelo Câmpus Avançado do Serrotão. Dentro da unidade, a coordenação do projeto já descobriu dois desenhistas, dois artesãos que trabalham na confecção de peças de barro, um artesão que faz trabalhos com madeiras e dois que utilizam o sabonete para fazer esculturas artísticas.
Os trabalhos produzidos nessas oficinas farão parte de uma exposição a ser realizada na unidade carcerária ainda neste semestre. Coordenadora do Câmpus Avançado, a professora Aparecida Carneiro ressalta a força da educação informal como forma de favorecer a cidadania, além de contribuir para a formação profissional dos reeducandos. Segundo ela, essa é uma tendência cada vez mais presente pelas unidades educacionais do país.
Trabalhos desenvolvidos pelos apenados farão parte de uma exposição. (Foto: Divulgação/UEPB)
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