VIDA URBANA
Prostituição avança e lan houses são ponto de agenciadores em CG
Uma das formas escolhidas pelos criminosos é a utilização de lan houses, localizadas em sua maioria no Centro da cidade, para o agenciamento de programas sexuais.
Publicado em 18/01/2009 às 8:03
De João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
Um crime difícil de ser combatido e que provoca um desmoronamento psicológico nas vítimas está cada vez mais frequente em Campina Grande. A prostituição pela internet se espalha rapidamente, atingindo crianças e adolescentes de diferentes classes sociais. Uma das formas escolhidas pelos criminosos é a utilização de lan houses, localizadas em sua maioria no Centro da cidade, para o agenciamento de programas sexuais.
O Ministério Público (MP) deu início a um levantamento dos estabelecimentos, através da Vara da Infância e Juventude do município, e constatou que a maior parte das lan houses funcionam clandestinamente, sem nenhum tipo de cadastro. Longe de casa e dos responsáveis, vítimas são presas fáceis na mão de agenciadores, que utilizam as lan houses como pontos de contato para a prostituição.
Os caminhos usados pelos agenciadores são muitos e incluem a utilização de salas de bate-papo, programas de relacionamento, como o MSN, e perfis e comunidades no Orkut, dedicadas a propagar mensagens pornográficas e marcar encontros. A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA encontrou em menos de uma semana pelo menos três pessoas, em salas de bate-papo, que se disseram agenciar programas.
Em todos os casos, os agenciadores usaram cognomes que faziam apologia à prostituição, como “Tenho Gata R$”, por exemplo. Em um dos casos, um jovem identificado apenas como “Garotas de Programa” informou, enquanto estava em uma das lan houses do Centro, que agendava programas com garotas menores e maiores de idade que cobrariam de R$ 60 a R$ 100 por noite.
Após o contato via MSN, falamos por telefone com o agenciador, que confirmou o uso das lan houses durante a noite e prometeu arrumar mais garotas para os programas. “Podemos marcar um dia e eu vou acertar com as meninas. Tenho algumas que podemos ver, pra você escolher. Podemos marcar um local no centro”, disse.
Um outro agenciador, identificado na sala de bate-papo como “Programa com Gatas”, foi mais comedido e fez várias perguntas em contato com a reportagem. “É aquela história, se tem grana tudo fica mais fácil. Mas preciso saber mais sobre você. Tenho que ter confiança, porque não gosto de problemas”, questionou, admitindo que agencia os encontros há dois anos.
Casos de prostituição infantil e de pedofilia chegam constantemente aos Conselhos Tutelares do município. Apenas no Conselho Sul, em menos de um ano, mais de 350 casos foram registrados de ações contra crianças e adolescentes, e muitos deles causados por aliciadores. E o uso das lan houses tem preocupado os conselheiros: “As situações que nos chegam são muitas e temos observado um detalhe. Em grande parte dos casos os contatos são realizados pela internet. Os jovens são viciados nos computadores e os aliciadores se aproveitam disso”, disse a conselheira Jaqueline Firmino.
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