VIDA URBANA
Recordações em álbuns de fotos
Apesar dos avanços tecnológicos para armazenar imagens, ainda há quem prefira ter as fotografias à mão, em páginas para folhear.
Publicado em 22/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 31/01/2024 às 17:38
Folhear as páginas de um álbum de fotografias, ver as imagens e voltar no tempo, revivendo todas as emoções daquele momento, é indispensável para muitas pessoas. Os avanços tecnológicos proporcionam diversas formas de mídias para armazenar as imagens, além de toda a expansão de aplicativos de postagens de fotos em redes sociais, mas ainda há quem prefira a sensação 'palpável' de ver suas histórias passadas à mão.
A servidora federal Mônica Almeida, 50 anos, por exemplo, é do tipo de pessoa que coleciona fotos em álbuns. Apaixonada por fotografias, ela contou que atualmente tem cerca de quatro mil imagens, algumas ainda não catalogadas nos 15 álbuns, guardados com muito cuidado e carinho em três caixas. “Tenho álbum com fotos do tempo de solteira, desde os 15 anos, assim como do meu marido, no tempo de rapaz. Da mesma forma que recebi minhas fotos da minha mãe, quando meus filhos casarem, também repassarei o álbum deles. Para a nossa família, é como se fosse uma herança”, afirmou.
São tantas e variadas fotos, desde aquelas feitas no dia a dia até dos momentos mais importantes, como o casamento e o nascimento dos três filhos – Laura, Mirian e Lucianno. Dos aniversários, do dia da defesa da monografia da filha mais velha, do noivado da filha do meio e das travessuras do filho caçula. Mas também não faltam os registros dos ritos religiosos, como a primeira comunhão e crisma.
Para Mônica Almeida, um álbum de fotografias é mais que catalogar sorrisos, conquistas e emoções, é eternizar as imagens que ao serem vistas a transporta para o momento em que foram capturadas. “Costumamos juntar a família para rever as fotos e relembrarmos das coisas, principalmente dos bons momentos já vividos que são resgatados na memória. Também lembramos da alegria daquelas pessoas que estavam conosco em momentos especiais e que hoje não estão mais no nosso convívio”, lembrou. Ela acrescentou que este mês comemorou as bodas de prata de casamento e que está aguardando o mais novo álbum chegar para aumentar a coleção.
A servidora ressaltou que não é contra o armazenamento de fotos na linha do tempo das redes sociais, bem como nas mídias (CD, DVD, pendrive), mas teme perder os registros, o que não acontece com a mesma vulnerabilidade com as impressões das fotos. “O problema das postagens, ou de salvar as fotos no computador e em CD, por exemplo, é de repente um vírus pode colocar tudo a perder. Com o álbum não. E eu sempre os limpo para preservar a qualidade das fotos”, frisou.
SEM PASSADO
O caso da comerciante Alynne Célia, 30 anos, é o oposto ao de Mônica Almeida. Ela disse que não tem álbum de fotos de quando era criança e adolescente. “É como se eu não tivesse um passado. As condições financeiras da minha mãe naquela época eram poucas e por isso, eu e meus quatro irmãos não temos fotos de quando éramos mais novos. Só depois que começamos a trabalhar que as coisas melhoraram e passamos a fazer fotografias”, revelou.
Mas para a filha de apenas três anos não passar pela mesma situação, Allynne Célia contou que desde a gestação dela até os aniversários da pequena Alice, procurou guardar algumas fotos e organizá-las em álbum, além de publicá-las na internet. “É a história dela. Não basta ter nas redes sociais. Um dia, quando estiver crescida, ela poderá olhar esse álbum e ver como era uma menina linda e recordar todas as lembranças de sua vida”, garantiu.
TRADIÇÃO DE MÃE PARA FILHA
A filha mais velha de Mônica, Laura Almeida, 24 anos, aprendeu com a mãe a fazer os registros fotográficos e colocar tudo no álbum, mesmo fazendo parte da sociedade higth tech e antenada a todos os aplicativos e redes sociais disponibilizados pela internet. Ela cresceu cercada de flashes e hoje não perde a oportunidade de fotografar suas atividades do cotidiano e das datas mais especiais.
“Aqui em casa, todos sempre gostaram de fotos e para não perdê-las colocamos em álbum. É um costume que vem desde os meus avós, passando pela minha mãe e que acabamos (ela e os irmãos) adquirindo. Adoro foto. Sempre seleciono algumas para imprimir, inclusive para dar de presente para as amigas. Outras, feitas no celular mesmo, apenas publico na internet. Mas os registros dos momentos mais importantes faço questão de guardar em álbuns”, confessou.
Laura lembrou que quando tinha cerca de 10 anos, que começou a entender melhor as coisas, pegou o álbum do seu nascimento e dos momentos dos pais para olhar, assim como faz nos dias atuais para relembrar a infância. Ela tem o mesmo sentimento saudosista, quando folheia o álbum de formatura em Direito. “Passa um filme na minha cabeça, desde os cinco anos do curso até o momento da formatura. E quando vejo as fotos, sinto as mesmas emoções daquele dia que foi tão importante para mim. Uma realização pessoal”, afirmou.
A advogada ressaltou a importância de ter as fotos ao alcance das mãos, para mostrar aos futuros filhos e sobrinhos todos os momentos em família. “Não basta só contar a história, pois a felicidade não é explicada apenas em palavras. Olhar o álbum é ver o riso e olhar das expressões congelados na foto e sentir tudo de novo. É um costume que passarei para meus filhos”, pontuou.
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