VIDA URBANA
Rio sofre efeitos da poluição
Poluição crescente nos rios que cortam João Pessoa aumenta o risco de transmissão de doenças para moradores de comunidades ribeirinhas.
Publicado em 03/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:55
O derramamento de esgoto nos rios causa proliferação de doenças nas comunidades ribeirinhas, mortalidade dos seres aquáticos e preocupação com o meio ambiente para a sociedade como um todo. Porém, o problema é reincidente em vários rios que cortam João Pessoa, a exemplo do rio São Bento, no bairro Padre Zé. Os moradores do entorno do afluente reclamam do mau cheiro e do lixo que se acumula às margens. Para ambientalistas, as nascentes dos rios são limpas, mas o percurso sofre interferência do homem.
Segundo populares, o problema não é novidade e leva vários prejuízos para a população. Morador do Padre Zé há mais de 20 anos, Gilvan Marcolino disse que quem mora às margens do rio é obrigado a conviver com pestes urbanas. “Esse problema é antigo, mas nos últimos tempos a situação se agravou. Antes eu até pescava aqui, mas os peixes morreram. O pior de tudo é ter que fechar os olhos para o problema e conviver com ratos e baratas, além do mau cheiro”, denunciou.
O ambientalista e fundador da Organização Não Governamental (ONG) Praiamar, Fernando Yplá, apontou que a poluição dos rios afeta diretamente a saúde pública, pois as pessoas sofrem com vários tipos de doenças transmitidas por vermes, vírus, bactérias e fungos, que causam infecções intestinais e respiratórias, “não só pelo detrito, mas porque acaba atraindo muitas pragas urbanas, como os ratos que causam a leptospirose”.
De acordo com Fernando Yplá, João Pessoa é cortada por mais de dez rios e que a poluição desses afluentes ocorrem com maior frequência em comunidades carentes. “Geralmente, os rios têm suas nascentes limpas, no entanto no decorrer do percurso sofrem as interferências do homem e acabam sendo poluídos”, destacou.
Por esse motivo, sugeriu que as escolas deveriam implementar como disciplina curricular a matéria de educação ambiental, ecológica e sustentável, pois as pessoas “precisam entender que os resíduos sólidos também são de nossa responsabilidade e não apenas do sistema que nos serve”, o que poderia contribuir para diminuir as agressões contra o meio ambiente.
Ele reforçou ainda que o esgoto degrada o meio ambiente há muito tempo, cujo maior agravante é a existência de esgotos clandestinos na cidade.
“Ainda vemos muitos esgotos clandestinos que caem no mar e nos rios, que embora sejam construções antigas, até o momento muitas não se adequaram ao saneamento básico e isso afeta cada vez mais o meio ambiente”, afirmou Fernando Yplá.
SAIBA MAIS
A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), órgão responsável pelo tratamento dos dejetos urbanos, informou através da assessoria de comunicação que o Padre Zé é saneado e que os esgotos do bairro são coletados e enviados para a estação de tratamento da Bacia do S, localizada no Róger. Ainda de acordo a assessoria da Cagepa, o que está sendo lançado nos rios são galerias de águas pluviais (da chuva), que é de responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura de João Pessoa (Seinfra).
Conforme a assessoria de comunicação da Seinfra, o órgão só pode realizar alguma interferência para sanar o problema, como obstruir o cano que joga a água suja no rio, após uma vistoria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), que é responsável pela notificação da irregularidade ambiental. Por sua vez, a Semam informou que enviará uma equipe ao local para verificar a origem do problema para que posteriormente possa adotar as medidas necessárias para que o rio não continue recebendo esse tipo de poluente.
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