VIDA URBANA
Servidores do HULW param
Greve por tempo indeterminado foi deflagrada nesta segunda-feira (24); mais de três mil atendimentos deixarão de ser realizados.
Publicado em 25/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/01/2024 às 18:47
Aproximadamente três mil atendimentos deixarão de ser realizados somente esta semana pelo Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa, devido à greve por tempo indeterminado, deflagrada ontem.
Segundo a diretoria, a unidade continua atendendo, porém com apenas 30% da sua capacidade, voltada para casos mais urgentes já presentes na unidade. Na manhã de ontem, diversas pessoas que estavam com consultas agendadas há meses tiveram que voltar para suas casas sem receber atendimento.
A aposentada Natália de Lima, 84 anos, tem um problema cardíaco e estava com consulta marcada para ontem. Ela veio de Riachão, a 164 quilômetros da capital, mas perdeu a viagem, pois não foi atendida pelo cardiologista. Para ela, a sorte é ter familiares na capital, na casa dos quais ficará para aguardar uma consulta. “Eu tenho duas irmãs aqui e vou ficar na casa delas. O ruim mesmo para mim é esperar porque quando ataca o coração eu fico muito mal”, lamentou.
Apesar da tranquilidade da aposentada, sua filha, a comerciante Rosineide de Lima, vê a situação em que os pacientes se encontram como um desrespeito à população. “Não tem faixa nem nada indicando que está em greve, então a pessoa entra e não pode ser atendida. Minha mãe tem 84 anos, viajou até aqui e nada. Eu acho isso um desrespeito conosco”, disse.
Assim como a aposentada, outras pessoas deram viagem perdida vindo ao HULW na manhã de ontem. Esse também foi o caso do motorista Tarcísio Ferreira. Ele veio do município de Rio Tinto realizar uma consulta de rotina que já estava agendada há aproximadamente um mês, mas também não foi atendido. “Além da pessoa não ser atendida ainda não tem nem previsão de quando poderemos remarcar novamente. Isso é um absurdo”, afirmou.
A diretoria do hospital informou que a unidade está atendendo apenas aos casos mais urgentes já presentes na unidade. O HULW possui atualmente 900 servidores efetivos. Destes, apenas aproximadamente 270 estão trabalhando diariamente para garantir que os atendimentos ambulatoriais e de alguns setores não sejam paralisados.
De acordo com o diretor superintendente do HULW, Arnaldo Medeiros, a greve deflagrada ontem por tempo indeterminado comprometerá significativamente o funcionamento do hospital.
“A gente realiza de oito a 12 mil novos atendimentos por mês e com a greve esses atendimentos não poderão ser realizados, porém o comando tem sido sensível à situação do hospital e trabalharemos para manter seu atendimento dentro das nossas possibilidades”, informou.
Segundo o diretor médico do HULW, Eduardo Gomes, o Hospital Universitário não possui atendimento emergencial, porém o setor ambulatorial continuará funcionando para receber os casos mais urgentes. “Nós atenderemos no setor de ambulatório esses casos que precisam de atendimento imediato e, dependendo da gravidade, eles serão triados para as áreas de internação do hospital, que estão funcionando com 30% do efetivo”, explicou.
Setores como o de doenças infectocontagiosas continuarão com 100% do seu atendimento sendo realizado, conforme acrescentou o diretor médico. “Esse setor continuará não só por ser um hospital de referência nesse tratamento no Estado, mas também porque as doenças infecciosas, se não tratadas imediatamente determinam morte, não dá para esperar”, afirmou Eduardo Gomes.
Além do setor de doenças infectocontagiosas, o diretor médico informou que diversas especialidades continuarão com seus atendimentos sendo realizados. O diretor médico ainda disse que não há uma data prevista para que se encerre a greve.
“Não sabemos quando terminará, mas até lá setores essenciais continuarão funcionando para garantir a integridade física dos nossos pacientes graves. O que podemos fazer é tentar suprir as necessidades dos pacientes com o grupo que continuou comprometido com a instituição”, reafirmou.
GREVE NA UFPB TEVE INICIO NO DIA 17
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SintesPB), José Rômulo Batista, a greve dos servidores do HULW é uma continuidade ao movimento deflagrado pelos servidores da UFPB no último dia 17.
O vice-presidente informou que as negociações estão acontecendo com o comando de greve nacional e ainda esta semana será analisada uma proposta para garantir ou não a continuidade da paralisação.
“Essa greve não é por reajuste, mas para pedir o cumprimento de um acordo firmado em 2012. Estamos em negociação e, caso o comando geral aceite os termos de comprometimento do governo, talvez essa semana possamos dar fim à paralisação”, afirmou.
“Esse é o principal ponto da nossa pauta, mas também tem a luta pela revogação da lei que implantou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) no HU. Reconhecemos que essa é uma questão bastante difícil, mas pela qual continuaremos lutando”, completou.
A reitora da Universidade Federal da Paraíba, Margareth Diniz, afirmou que todas as negociações estão sendo feitas para minimizar os prejuízos sofridos pela população com a greve dos servidores. Ela ainda confirmou a publicação do edital de concurso para o HU no próximo mês.
“A greve é um direito do servidor, mas eu fui a Brasília e vi que as negociações estão acontecendo. Esperamos que chegue a um bom termo”, afirmou.
De acordo com a reitora, serão ofertadas 979 vagas para as mais diversas áreas do hospital, no intuito de diminuir o déficit da unidade que, atualmente, é de cerca de mil servidores.
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