VIDA URBANA
“Transplante de órgão significou renascimento”, disse publicitário em visita à JP
Alexandre Barroso esteve em palestra de incentivo à doação neste sábado.
Publicado em 22/09/2018 às 18:10 | Atualizado em 24/09/2018 às 18:10
“A doação de órgãos não é falar ‘um salva oito pessoas’, na verdade um salva oito famílias”, garante o publicitário Alexandre Barroso. Ele passou por três transplantes, quatro comas e 11 cirurgias e esteve em João Pessoa, neste sábado (22), para a “Jornada Asas do Bem”, série de palestras que ressalta a importância da doação de órgãos e a contribuição da aviação para os transplantes. “Transplante de órgão significou [meu] renascimento”, contou que, depois da experiência, ele conseguiu resinificar a vida.
Segundo ele, quando um ente familiar passar por uma situação dessa é como se estivesse morrendo em vida. “Eu passei quatro anos morrendo”, é como se refere ao próprio tratamento. Ele decidiu divulgar informações sobre doação já que, na época em que precisou, pouco se sabia do assunto. “Quando o médico me disse que eu precisaria de uma fígado em sete dias a primeira coisa que me passou pela cabeça foi ‘onde eu compro?’”, lembra da "arrogância do publicitário" que ele assumiu ter.
Mesmo perdendo a empresa e a família e ele quis continuar vivendo. Alexandre passou a escrever em uma rede social sobre a sua experiência para orientar quem precisasse de transplante. “Eu dava dicas sobre como proceder e também de cremes que utilizava no tratamento. Depois de um tempo as pessoas passaram a me requisitar visitas”. Ele trabalha em prol da causa de doação porque foi como ele “voltou à vida” - expressão que ele mesmo utiliza.
Fila de transplante
Um dos pontos que mais preocupam quem está na fila para receber um órgão é o tempo. Alexandre recebeu a informação que tinha Hepatite C em 2008. “Ao ser diagnosticado, o médico percebeu que eu já deveria ter ela [a doença] há uns 20 anos”. Por estar nesta situação extrema, Alexandre precisaria de um transplante em até sete dias. “Em outras palavras eu tinha sete dias de vida”, contou.
Quando é detectada a necessidade do órgão, a pessoa é inscrita na fila de transplante. Em primeiro lugar, ficam as pessoas que estão mais necessitadas. “É horrível na hora que você está nessa fila, mas a forma que ela é organizada funciona e é honesto”. Além de estar nos primeiros lugares da fila, o receptor precisa de um fator sorte, para que haja compatibilidade entre ele e o doador.
Segundo ele, algumas pessoas ainda têm resistência em ser doador por medo de ter a vida abreviada. “Na internet circula imagens de um cara numa banheira dizendo que teve um órgão roubado, mas essas coisas não acontecem”. Alexandre explica que para fazer uma cirurgia de transplante é necessário pelo menos 19 médicos cirurgiões. “O órgão só pode ir para doação depois que três médicos comprovem morte encefálica e que a família autorize o procedimento”.
Transporte aéreo
Em 2017, cerca de 9 mil itens para transplante (órgãos e tecidos) foram transportados gratuitamente por aviões, sendo que 90% do volume é de responsabilidade das fundadoras da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) - os demais transportes são referentes a operações de outras companhias aéreas, voos privados e da Força Aérea Brasileira, por exemplo. Os números ganham mais destaque pelo fato de o Brasil possuir o maior sistema público de transplantes do mundo, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O esforço é viabilizado por meio de um acordo de cooperação que envolve, além das empresas aéreas, Ministério da Saúde, Central Nacional de Transplantes, Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), e operadores aeroportuários. Alexandre participa dessa campanha de conscientização para fazer pessoas e empresas ajudarem quem mais precisa.
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