VIDA URBANA
UFPB puxa aumento do aluguel; estudantes são os mais afetados
Bairros como Bancários e Água Fria veem preços dos imóveis dispararem pela alta procura.
Publicado em 25/09/2016 às 7:00
Está cada vez mais caro morar em João Pessoa: de acordo com pesquisa do Instituto do Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme) realizada em agosto deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – que mede o custo de vida na capital – acumulou alta de 15,15% nos últimos doze meses.
Um dos fatores que mais pesa no bolso é o gasto com aluguel. Segundo o IPC, o valor da locação de um imóvel em toda a cidade aumentou, em geral, 10,66% entre agosto de 2015 e o mesmo mês de 2016. Alguns bairros, entretanto, concentram uma maior valorização imobiliária do que outros e puxam os preços para cima; atualmente, as localidades que apresentam maior aumento são os bairros no entorno da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), como Bancários, Água Fria, Castelo Branco e Jardim Cidade Universitária.
De acordo com Romualdo Jorge, corretor imobiliário que atua na zona Sul de João Pessoa, a valorização de imóveis próximos à UFPB se explica pela alta procura de estudantes que vêm de fora da cidade e do Estado. “A UFPB é, hoje, o principal fator de atração imobiliária em João Pessoa, e os estudantes que vêm de fora procuram bairros próximos à universidade para morar”, explica ele. “A existência de outra instituição na região, a Unipê, também contribui para uma alta procura e, consequentemente, para o aumento dos preços de aluguel”, diz.
Considerando os bairros da zona Sul, onde está a universidade, os imóveis localizados no entorno da UFPB viram um crescimento considerável no preço do metro quadrado, que interfere no preço final do aluguel: de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), entre agosto de 2015 e julho de 2016, por exemplo, o preço do m² nos Bancários aumentou 4,1%; em Água Fria, o crescimento foi de 3,11%; e, no Castelo Branco, de 2,67%. Em comparação, bairros tradicionais mas mais distantes da universidade, como José Américo e Cristo, viram o valor do m² cair, respectivamente, 2,34% e 1,75% no mesmo período.
Contas podem comprometer dinheiro para os estudos
Para os estudantes que precisam arcar com os preços dos aluguéis, entretanto, a situação não é tão vantajosa assim. Muitos deles vêm do interior da Paraíba ou de outros Estados sozinhos e não conseguem vagas nas Residências Universitárias oferecidas pela UFPB; além disso, em muitos casos, o auxílio oferecido pela universidade (R$ 570 mensais) não é suficiente para cobrir os custos de moradia e alimentação.
Estudantes se unem para conseguir arcar com o preço do aluguel. (Foto: Divulgação/arquivo pessoal).
“Os preços dos aluguéis são muito caros, então tivemos que encontrar outras pessoas para dividir o apartamento”, diz Roberto Lima, estudante de Arquitetura da UFPB que veio da cidade de Triunfo com o irmão, no Sertão do Estado, e divide o apartamento com outras duas universitárias. “Mas mesmo com a divisão, o gasto com aluguel ainda compromete a maior parte da renda”, conta.
Juliana Araújo, estudante de Arquivologia na UFPB, diz que o dinheiro fica curto mesmo com auxílio da universidade e com a quantia que os pais, que moram em Cajazeiras, enviam todo o mês. “Muitas vezes o valor das contas, principalmente o aluguel, água e energia, prejudica o dinheiro que devíamos usar na universidade, para livros, xerox e impressão de trabalhos”, revela. "Mas sempre conseguimos dar um jeito, tirando um pouco de gastos com móveis ou roupas, por exemplo. Parar de estudar é que não pode. Nem de morar ", brinca.
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