VIDA URBANA
Moradores do Cariri da PB sofrem sem água nas torneiras
MPF ouviu os moradores da divisa entre PB e PE e constatou série de problemas.
Publicado em 13/04/2018 às 11:39 | Atualizado em 13/04/2018 às 15:14
Um ano após a chegada das águas do Rio São Francisco, os moradores do Cariri da Paraíba ainda não sentiram os efeitos da transposição. O Ministério Público Federal (MPF) visitou cidade de Monteiro, divisa com Pernambuco, e ouviu uma série de queixas dos moradores do município, que é o 'berço' do Velho Chico em terras paraibanas. A principal reclamação é a falta de água nas torneiras, apesar do volume em abundância no canal. O material colhido pelo MPF foi transformado em um pequeno documentário (confira no final da reportagem).
A inspeção visual do MPF aconteceu no final de março e contou com a participação de engenheiros e de técnicos de segurança do órgão. Durante a visita foi constatado, por exemplo, que algumas condicionantes das licenças prévias e de instalação da obra não vêm sendo cumpridas na integralidade.
O MPF averiguou a degradação na área do Rio Paraíba, que recebe a carga do São Francisco, esgoto a céu aberto nas proximidades do manancial e também pessoas tomando banho nas proximidades do canal, apesar das placas de risco de afogamento. O problema maior, no entanto, foi mesmo a falta de água nas torneiras.
“ Cadê a água nossa, do São Francisco, que vinha para nos abastecer, para tirar a gente desse sufoco? Cadê a nossa água tão prometida?”, indaga no vídeo do MPF, o morador da Rua do Limão, identificado como Marcos. “Quase nada não melhorou, a transposição é boa para muita gente, mas para a gente não mudou muito não”, completa. Segundo Marcos, os moradores da área dependem há mais de 20 anos de um poço. “A gente pensou que a transposição fosse uma coisa maravilhosa, mas infelizmente a dificuldade ficou. Trouxeram água para o reservatório, mas não chegou para a gente”, completa.
O morador Aguinaldo Freitas contou ao MPF que o processo da transposição também afetou poços na região, gerando dificuldades econômicas. “Os poços secaram. Eu criava animais, tinha plantação de palmas. Secaram 48 poços, as famílias [que faziam uso deles] viviam de agricultura familiar e hoje não vivem mais”, ressaltou.
O MPF disse que vai encaminhar o vídeo ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para que o órgão tome providências, seguindo um acordo firmado entre os órgãos em fevereiro.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Integração Nacional e com a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) para que os órgãos comentassem o documentário do MPF, mas nenhum dos dois deu retorno.
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