Vegetarianos mudam mais que a alimentação

Fazer do mundo um lugar melhor, onde haja respeito às diferenças, se respire um ar livre de agentes poluentes, onde a água não seja contaminada, os recursos naturais sejam usados com moderação e os animais sejam respeitados. Até onde as motivações políticas determinam as nossas condutas pessoais? Como nossas atitudes individuais podem nos levar à tão procurada harmonia e fazer a diferença no 'macro'? Essas e outras questões sempre são levantadas quando pensamos na coletividade e na sustentabilidade do nosso planeta.

Para muitas pessoas, esses e outros motivos são determinantes na hora de deixar o carro em casa e ir para o trabalho de transporte público ou pedalando, a diminuir o tempo no banho para gastar menos água e menos energia, a separar o lixo reciclável do orgânico, consumir menos e até mesmo mudar radicalmente os hábitos alimentares.

É o respeito pela vida dos animais e pela preservação dos recursos naturais que vem levando muita gente a abandonar o consumo de carne e produtos de origem animal. No Brasil, 8% da população afirma ser adepta desse novo modelo alimentar, de acordo com dados do Instituto Ibope, que pesquisou a quantidade de vegetarianos em algumas capitais brasileiras no início do mês de outubro, para lembrar o 'Dia Mundial do Vegetarianismo'.

A maior parte das pessoas que adota o novo modelo alimentar faz questão de ressaltar que o principal motivo da sua decisão é a compaixão e o respeito pelos animais. Uma dessas pessoas é a funcionária pública federal Marinalva Gomes Telles, que é vegetariana há mais de 20 anos e disse que adotou o vegetarianismo principalmente por uma questão de respeito aos animais. “As mudanças na minha dieta aconteceram de forma bastante gradual, aos poucos eu fui mudando os hábitos, colocando outros alimentos na minha dieta e hoje eu não consumo nenhum alimento de origem animal, absolutamente”, relatou.

A jornalista Giselle Ponciano também encontrou na compaixão pela vida dos animais motivação suficiente para abandonar o consumo de carne. “Eu resolvi ser vegetariana por sentir compaixão pelos animais, não foi por saúde, nem beleza, nem estética, nada disso, foi mais por compaixão mesmo.” Giselle é 'ovolactovegetariana', ou seja, além dos alimentos vegetais, ela ainda consome ovo e leite, que são de origem animal.

Para George Guimarães, diretor da Nutriveg Consultoria em Nutrição Vegetariana, empresa especializada no atendimento de pacientes vegetarianos e veganos, os números detectados pelo Ibope (15,2 milhões de brasileiros) seguem a tendência mundial, onde o crescimento do vegetarianismo traz números que incrementam a cada ano.

“Quanto mais as pessoas têm acesso à informação sobre a viabilidade das dietas vegetarianas e sobre os benefícios que ela traz, mais o número de adeptos aumenta. Isso está sendo observado em todo o mundo. Nos EUA, um estudo apontou que em 2011 o consumo de carne nos EUA teve uma redução de 12% em comparação a 2007”, disse.

Guimarães atribui o aumento no número de vegetarianos não somente ao maior acesso à informação sobre os benefícios de uma dieta vegetariana por meio da pesquisa espontânea ou da visibilidade proporcionada pela grande mídia, mas também ao incansável trabalho de difusão da informação realizado por ativistas pelos direitos animais.