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VIDA URBANA

Violência faz população mudar de bairro em JP

Para a Polícia Militar, migração está relacionada às disputas de grupos criminosos por pontos de tráfico de drogas nos bairros.

Publicado em 10/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 15:03


Frequentes casos de homicídios e assaltos registrados em bairros da Zona Sul e Zona Norte de João Pessoa têm assustado os moradores, que, para fugir da violência, acabam saindo das localidades e procurando outros bairros para viver.

Para a Polícia Militar, a causa das migrações da população está relacionada às disputas de grupos criminosos por pontos de tráfico de drogas nos bairros.

Muros com pichações e símbolos relacionados aos grupos Al Quaeda e Estados Unidos, espalhados por bairros como Mandacaru, Padre Zé, Valentina, Alto do Mateus, Ilha do Bispo e Bairro dos Novais, intimidam e ameaçam a tranquilidade dos moradores. Em Mandacaru, as brigas entre as duas facções são frequentes e foi a causa da mudança da aposentada Maria da Penha (nome fictício), que morou no local por 40 anos, para o bairro Ernesto Geisel, na Zona Sul da capital, no mês de dezembro.

A aposentada conta que, por muitas vezes, acordou assustada durante a noite ao ouvir gritos e disparos de arma de fogo na rua onde morava, uma das principais do bairro. “Quando dava 7h da noite eu já fechava as portas. Tinha o costume de caminhar de manhã saindo de Mandacaru até perto da praia, mas com tanta violência, fiquei nervosa e deixei minhas atividades. Não aguentei mais e decidi me mudar”, conta Maria da Penha, que, teve ainda mais prejuízo, porque deixou a casa própria e paga aluguel.

A comerciante Severina Faustino, que mora em uma rua conhecida como 'Beco de Zé Borges', ainda em Mandacaru, sente o mesmo temor que dona Maria da Penha e pensa em sair do local. “A violência tá geral em todo canto. A gente vive como prisioneiros e não pode nem ficar na calçada e tem medo de sair e voltar para casa. Na minha rua e no Porto de João Tota (uma comunidade do bairro), tem muitas casas para vender, mas é difícil alguém se interessar”, lamenta.

No Bairro dos Novais e Alto do Mateus, os moradores ainda apresentam preocupação quanto à segurança nas ruas dos bairros. Pichações nos muros como forma de demonstração de poder do grupo Estados Unidos, deixa os moradores apreensivos ao transitar pelos locais. “A gente vê essas coisas e fica com um pouco de medo. A presença da Unidade de Polícia trouxe mais sossego, mas, mesmo assim, se a gente ver alguma coisa, não podemos falar nada”, disse um morador do Bairro dos Novaes que preferiu não se identificar.

Outra moradora do bairro, que também não quis se identificar, informou que os criminosos do local só agem quando são provocados por rivais. “Aqui eles não mexem com gente de bem, só com quem é envolvido mesmo. Mesmo assim, a gente tem medo de tiroteio ou uma bala perdida”, revela.

No bairro do Valentina, a vontade de morar em outro local é mais frequente com os moradores das comunidades. Na comunidade Paratibe, Muçu Magro e Boa Esperança, não é difícil encontrar imóveis com placas de venda ou aluguel. De acordo com comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar (5ºBPM), Lívio Sérgio Delgado, responsável pelo policiamento no bairro, os conflitos entre gangues rivais são mais registrados nas comunidades e condomínios populares do bairro. “No condomínio da Amizade e Liberdade tem a disputa entre essas facções. Assim como tem no Torre de Babel e Colinas do Sul”, disse.

Nos condomínios citados pelo comandante, diversos imóveis estão com placas de venda. Em uma das ruas projetadas no condomínio Liberdade, quatro imóveis estão a venda. No entanto, os moradores preferem silenciar. Para o capitão Kelton Pontes, coordenador das Unidades de Polícia Solidária (UPS) da capital, a maioria das famílias que se mudam tem parentes envolvidos com o tráfico. “Tem muitos adolescentes envolvidos nesses grupos criminosos, e quem pratica os atos, na maioria das vezes, são esses adolescentes. Para não verem seus filhos ou outros parentes mortos, as famílias se mudam dos bairros. O tráfico só mexe com quem está na criminalidade”, completa.

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Jornal da Paraíba

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