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CULTURA

A arte colorida das ruas

Com traços característicos da arte naïf e mensagens de liberdade, grafiteiros enchem de cores os muros de João Pessoa.

Publicado em 03/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:37

Parede limpa é muda. Não diz nada. Mas alguns muros de João Pessoa estão gritando liberdade, amor, paz e outras lições de vida. Da zona norte à zona sul, do Centro à praia, a cidade não tem só branco gelo e muros acinzentados. A paisagem foi pintada de arte e os tijolos estão ganhando vida com o grafite.
Como na obra do artista inglês Bansky, grafiteiro que se tornou um dos maiores expoentes do mundo, em muitos dos desenhos há críticas sociais e lições de moral.

“Quando nós pintamos na rua, criamos um diálogo com a comunidade, estando ela dentro de seus apartamentos, nas favelas ou transitando pelas ruas. Cada um faz isso no seu estilo, com base na sua vivência, e cada pessoa pode interpretar de um jeito diferente a mesma mensagem, gerando uma linguagem direta com quem observa a intervenção”, comenta GigaBrow, nome artístico de Agnaldo Wanderley, um dos jovens que estão colorindo a cidade.

Ele tem desenhos espalhados pela Universidade Federal da Paraíba, Centro Histórico, Epitácio Pessoa, na praia e em outros locais de João Pessoa. Brow também ajudou a pintar o painel 'Made in Feira', do Mercado Central. “O grafite, aqui em João Pessoa, tem um diferencial muito peculiar de outros estados, pois aqui se usa muitos personagens, elementos figurativos e não apenas letras, e isso vêm a contribuir com a ‘urbe’, agregando valores ao seu entorno”, comenta o artista.

O grafiteiro, autodidata e produtor cultural que atua desde 1995 trabalha com traços simples e ingênuos, característicos da arte naïf (conceito atrelado a pinturas rupestres).

Atualmente, Giga desenvolve projetos de arte-educação na rede de ensino e em comunidades paraibanas. Um deles é o projeto cultural ‘Se essa Rua’, financiado pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC) da Prefeitura de João Pessoa.

O projeto promove a produção, publicação e formação da arte do grafite. “Vamos editar mil exemplares de um catálogo com trabalhos de 20 grafiteiros de João Pessoa, mais alguns de outros estados e até de fora do país que pintaram aqui. E já rolou duas oficinas e intervenção de dois murais, uma no Espaço Cultural e o outro na Praça da Sosic (Centro Histórico)”, revela.


De acordo com o grafiteiro, o projeto começou em 2010 e conta com o apoio do quadrinista e artista plástico paraibano Shiko. O lançamento do catálogo está previsto para 2014.

FUNÇÃO SOCIAL

Outra artista que vem pintando alguns muros da cidade é Priscila Lima, assinando como “Witch” (“bruxa”, em português). Para ela, as intervenções culturais na cidade causam uma espécie de identificação na sociedade.

“Acho que mesmo sendo um número pequeno de grafiteiros que temos aqui, nossas intervenções vêm fazendo um belo trabalho. O grafite, assim como todos os outros elementos do hip-hop, tem sua função social, mostra a diversidade social. Muita gente se identifica nos grafites”, afirma.

Priscila tem uma marca. “Retrato mensagens voltadas para a liberdade, a partir da minha personagem, a Catrina, uma caveira”, conta. Ela tem desenhos em várias comunidades de João Pessoa e no Centro da cidade. “Como moro no Centro, tem bastante por lá também”.

A artista, que começou a grafitar em 2008 por incentivo de amigos, explica que há vários tipos de grafite. “Temos as letras, o abstrato e os personagens. Cada um expressa o sentimento de acordo com seu estilo. Mas é notável que os personagens são mais fáceis de serem interpretados. Tento passar mensagens sobre feminismo e veganismo (filosofia de proteção aos animais, seja pela alimentação, vestuário ou entretenimento), dois movimentos dos quais faço parte também. Minha personagem sempre traz alguma frase de impacto, ou ela mesma é o impacto, seja falando sobre a igualdade de direitos ou sobre a liberação animal”.

Giga e Priscila fazem parte do Coletivo Grafite Paraíba. O grupo de João Pessoa que desenvolve várias intervenções artísticas na cidade, trabalhando com várias mídias: grafite, ilustração, trabalho gráfico, fotografia, customização de roupas, faixas, vídeo etc. “A maioria do pessoal que pinta na rua tá lá”, afirma Giga.

INCENTIVOS

Na Paraíba o movimento do grafite é forte e já é aceito pela sociedade, sem preconceitos. A pichação já não é mais relacionada à arte. “Não mais, como antes”, afirma Priscila. “Não aqui na Paraíba, pelo menos, pois nós soubemos explicar, através de muita conversa que o grafite pode educar, passar uma mensagem de positividade, pode ser, inclusive, um meio de sustento”, acrescenta a artista.

GigaBrow compartilha da mesma ideia. “Aqui em João Pessoa já temos uma tradição no grafite e já está inserida no imaginário da população como uma arte. Sempre que grafitamos na rua o retorno positivo é muito grande, pessoas param para cumprimentar e apoiar nossas ações”, conta.

Há desenhos que vem por conta própria do artista. Em paredes sem vida, abandonadas (em geral em terrenos baldios), eles decidem pintar. Mas há lugares que os grafiteiros recebem incentivos dos donos dos muros. “Algumas pinturas que eu faço, sou contratado por alguém e outras, faço por conta própria”, conta GigaBrow.

Um dos incentivadores do movimento do grafite na Paraíba é Heriberto Coelho de Almeida, dono do Sebo Cultural. Ele contratou vários grafiteiros para pintar o estabelecimento na avenida Tabajaras, no Centro. “É uma arte alternativa e de bom valor estético que alegra o ambiente e traz mensagens. Na verdade, é mais que enfeitar, é usar o espaço para vincular uma atividade conscientizadora”, afirma o empresário dos livros.

Com isso, O Sebo Cultural é todo colorido. Há pinturas no estacionamento e dentro do estabelecimento. Os desenhos de Társio Voltian e Giga Brow incentivam a leitura e tratam também de temáticas ecológicas. O lugar já foi até palco do projeto 'Paralelo 22', que reuniu vários artistas para pintarem suas artes, incluindo grafiteiros.

Imagem

Jornal da Paraíba

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