A morte de um mestre

As drogas entraram em cena no clímax do único filme que Philip Seymour Hoffman dirigiu, Vejo Você no Próximo Verão (2010). Em mais um paralelo cruel entre a ficção e a realidade, o ator americano estava no ápice de sua carreira quando foi encontrado morto, neste domingo, 2, com a agulha de uma seringa espetada no braço e envelopes de heroína espalhados por seu apartamento na ilha de Manhattan, em Nova York (EUA).

Aos 46 anos, o ator americano já ganhara o Oscar de Melhor Ator por Capote (2005) e fora indicado à estatueta outras três vezes. Atualmente, estava filmando a sequência de Jogos Vorazes: A Esperança (cuja primeira parte entra em cartaz no Brasil no próximo mês de novembro) e a série Happyish (que iria ao ar pelo canal por assinatura americano Showtime também este ano). Dois filmes com o ator estrearam em Sundance no mês passado: O Homem Mais Procurado (que estreia no Brasil em junho) e God's Pocket (ainda sem previsão de estreia).

Hoffman começou a interpretar na adolescência, após um problema de pescoço tê-lo feito abandonar a carreira de atleta de luta greco-romana. Graduou-se ator em 1989, na Tisch School of Arts de Nova York e iniciou a carreira no teatro independente, tendo fundado um companhia com o diretor Bennett Miller (que conheceu ao ingressar nos palcos, aos 17 anos, e com quem trabalhou mais tarde em Capote e O Homem que Mudou o Jogo, de 2011).

A transição para as telas se deu com as séries dramáticas, interpretando o réu de um caso de estupro em Law & Order (1991). Mais tarde, viveria no cinema vilões marcantes como o intenso traficante de armas de Missão Impossível 3 (2006), papel que tomou do também ator e diretor Keneth Branagh.

Antes de ganhar lugar de destaque no elenco de Boogie Nights: Prazer Sem Limites (1997), de Paul Thomas Anderson (diretor de quem foi amigo pessoal e com quem firmou uma parceria sacramentada com Magnólia, de 1999; Embriagado de Amor, de 2012; e O Mestre, de 2012), participou de filmes de baixo orçamento e fez pontas em grandes produções como Perfume de Mulher (2002).

Entre outros títulos relevantes da filmografia, destacam-se O Grande Lebowski (1998); Quase Famosos (2000); Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007); A Família Savage (2007); Sinédoque, Nova York (2008); e Dúvida (2008). No ano passado, ingressou em um programa de reabilitação a fim de tratar a dependência das drogas, em especial o uso da heroína, problema que ele tornou público em 2006, durante uma entrevista concedida ao programa 60 Minutes, da rede americana CBS. Na época, confessou que abusava do álcool e de "tudo em que pusesse as mãos".

Em comunicado divulgado pela imprensa americana, a família declarou: "Nós estamos devastados pela perda do nosso amado Phil e agradecemos o amor e apoio que estamos recebendo de todos. Esta é uma trágica e repentina perda e nós pedimos que vocês respeitem nossa privacidade durante esse período de luto. Por favor, que Phil esteja em seus pensamentos e prece."

Hoffman era casado com a estilista Mimi O'Donnell e deixou três filhos da relação que durou 15 anos: Cooper, de 10 anos; Tallulah, de 6; e Willa, de 4. Segundo o jornal Daily Mail, o ator estava separado da esposa, que havia pedido ao roteirista David Katz que cuidasse do marido. Foi Katz quem achou o corpo do amigo no domingo, desfalecido no banheiro.