CULTURA
A vida de um personagem de carne, osso e espuma
Apesar de ter uma aparência fofinha e sorridente, Jonas teve sua vida levada ao fundo do poço.
Publicado em 29/08/2015 às 8:00
Apesar de ter uma aparência fofinha e sorridente, Jonas teve sua vida levada ao fundo do poço: tentando sair do alcoolismo, abandonado pela mulher e sem muitas perspectivas, ele luta para permanecer sóbrio e ter uma segunda chance.
O personagem que lembra um fantoche saído da Vila Sésamo ou dos Muppets – esses últimos, famosos personagens criados pelo norte-americano Jim Henson (1936-1990) para a TV e cinema – é o protagonista do álbum A Vida de Jonas (Zarabatana, 64 páginas, R$ 40,00).
O paulista Magno Costa, autor da obra, estará presente neste sábado, a partir das 18h30, na gibiteria Comic House (Av. Nego, 255, Tambaú), em João Pessoa, para uma sessão de autógrafos ao lado do veterano Mike Deodato Jr. (que lança Quadros) e da nova geração representada por Gabriel Jardim (com De Dentro da Couraça).
“Eu não quis fazer uma história sobre o alcoolismo”, frisa Magno. “Isso é apenas uma consequência do que o personagem era. Não esperava que essa história iria causar tantos comentários”.
O quadrinista revela que inicialmente o projeto seria com animais antropomórficos. “Eles eram meio tristes, melancólicos. Jonas deveria ser um galo, que falava sempre com o bico pra cima, reclamando. Quando mostrei ao Marcelo (Costa, irmão gêmeo do autor e colorista da obra), ele disse que o personagem parecia mais um fantoche falando”.
Para o psiquiatra e colecionador de HQs Charlles Lucena, A Vida de Jonas é um conto de redenção. “A dura jornada do personagem-título, um alcoolista abstêmio há oito meses, é narrada de forma crua, sem rodeios ou alívios cômicos”, analisa. “Enxergamos todos os prejuízos biopsicossociais – falência das relações amorosas e interpessoais, descrédito social, autoestima prejudicada – relacionados à dependência química e a dificuldade em se reerguer e retomar a vida de forma plena”, aponta.
Dentre seus outros álbuns, Magno assina ao lado do irmão o western de gatos e ratos Oeste Vermelho (Devir). “Jonas... eu fiz inteiro. Isso cresce profissionalmente. Meu próximo trabalho também será algo longo”.
Mike Deodato Jr. autografa sua coletânea autoral 'Quadros'
“É muito divertido fazer um negócio da gente. É como voltar a fazer fanzine. É a minha opinião do que penso da vida – ou não”, brinca e compara Mike Deodato Jr. sobre a produção da coletânea de histórias curtas Quadros (Mino, 80 páginas, R$ 58,00), que também será lançada hoje na Comic House, em João Pessoa.
Quando paraibano acabava seu dia sobre a prancheta para entregar os títulos da editora norte-americana Marvel no prazo, ele se refugiava da pressão rotineira produzindo essas HQs autorais. A luxuosa edição tem luva em polipropileno transparente ‘silkada’ e duas das 14 histórias em forma de pôsteres duplos.
O volume apresenta várias temáticas que vão desde o cômico “pensando a maldade” num consultório de dentista, passando por aventuras com guerreiros e caçadores pré-históricos, até críticas sociais e experimentais, a exemplo do círculo vicioso das drogas.
Ele também estará lançando a reedição de 3000 Anos Depois (Criativo), ‘sci-fi’ dos anos 1980 feita com seu pai, Deodato Borges (1934-2014).
Gabriel Jardim lança seu segundo álbum independente
Depois de estrear no mercado de quadrinhos no ano passado com o álbum Café, Gabriel Jardim assina neste sábado, na Comic House, seu novo trabalho: De Dentro da Couraça (independente, 52 páginas, R$ 35,00).
A obra acompanha dois jovens com diferentes pontos de vista confinados numa banal viagem de elevador que enguiçou de uma hora para outra. Ele – um garoto que estava bebendo com os amigos – e ela – uma bailarina pronta para mais uma apresentação – tentam conviver por esse breve ‘intervalo’ dos seus caminhos.
“Eu peguei situações que aconteceram de verdade comigo, mas a parte do elevador é fictícia”, revela o quadrinista, que usa a aquarela para ajudar na narrativa. “Usei nele cores quentes e nela, cores frias. Quando eles se encontram, elas ficam neutras”, explica.
Assim como sua 1ª HQ, De Dentro da Couraça chegou ao térreo da publicação graças à plataforma de financiamento coletivo na internet.
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