Ariano recebe título de cidadão campinense

Dentro e fora de sua literatura, a identidade geográfica de Ariano Suassuna sempre foi uma questão a ser considerada. Seria de se imaginar um profundo conhecedor de sua obra julgá-lo um cidadão do mundo, colocar-lhe a par disso e vê-lo ponderar a consideração, lembrando-se de sua resistência a viajar para fora do país e repetindo que é sobretudo um cidadão nordestino, só depois um cidadão brasileiro.

Na disputa férrea entre a sua Parahyba (como ainda insiste em chamar a capital onde nasceu em 1927), a Taperoá de sua infância, e os arrecifes pernambucanos entre os quais escolheu viver, Campina Grande acaba de dar seu primeiro lance para se tornar a nova casa de Ariano.

É que o mestre armorial recebe hoje, às 15h, no Sítio São João (Av. Manoel Tavares), o título de cidadão campinense concedido pela Câmara Municipal de Campina Grande. Na ocasião haverá apresentações de grupos folclóricos, banda de pífanos e o cumprimento de um protocolo prestigiado por autoridades locais e pelo próprio homenageado, que confirmou sua presença por meio de sua assessoria de imprensa.

"No momento, ele se encontra trancado escrevendo seu romance", explicou Alexandre Nóbrega, genro de Ariano, por telefone. Há 25 anos, o autor de O Romance d'A Pedra do Reino (1971) se dedica a conceber o que, segundo Nóbrega, seria uma série de livros que comporia uma antologia com um número ainda indefinido de volumes.

"O número de volumes e os títulos dos livros já mudaram tanto que nós simplesmente optamos por não divulgar mais nada", continua Nóbrega, que em junho lançou O Decifrador (Independente, 212 páginas, R$ 150), coletânea de imagens das turnês das aulas espetáculos do Quixote do Sertão.

O próprio Ariano já teve a oportunidade de declarar à reportagem do JP, em maio: "Eu já tinha soltado algumas informações sobre esse novo romance ano passado, mas agora a editora me proibiu terminantemente de falar sobre ele".

A tal editora é a José Olympio, a mesma que publicou A Pedra do Reino. O romance terá ilustrações assinadas por Suassuna e conta com a colaboração de Alexandre Nóbrega e Carlos Newton Júnior.