CULTURA
Brasil perde a graça do 'showman' Miele, um artista de múltiplos talentos
Ele foi encontrado morto, ontem, em sua casa, no Rio de Janeiro. Ele morreu poucos dias depois de lançar livros com suas memórias.
Publicado em 15/10/2015 às 8:00
Numa quinta-feira, 7 de agosto de 2008, Luiz Carlos Miele entrava à redação do JORNAL DA PARAÍBA. Estava em João Pessoa para ser mestre de cerimônias de um show do Banco do Brasil dedicado aos 50 anos da bossa nova, tema que conhecera como a palma da mão, já que ele, ao lado do inseparável parceiro Ronaldo Bôscoli (1928-1994), ajudou a divulgar o som do banquinho e do violão a partir do Beco das Garrafas para o mundo inteiro.
O paulista que abraçou e foi abraçado pelo Rio de Janeiro tinha presença, não só espiritual, mas física. Com cabelos e barbas grisalhos, a mesma fisionomia pública que o tornou um rosto conhecido do teatro, cinema e TV, desatou a contar histórias da bossa nova - e de seu mais famoso empreendimento: a dupla Miele-Bôscoli.
“Essa geração mais nova sempre me pergunta: você foi casado com a Elis Regina?! Eu respondo: -Não! Eu fui casado com o marido da Elis Regina", contava ao repórter do JP, com o infalível bom humor que se apaga com a morte do artista de múltiplos talentos.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa do Rio, ontem, Luiz Carlos Miele, 77 anos, foi encontrado morto em sua casa, após ser acometido por um mal súbito.
Segundo familiares, a morte pegou a todos de surpresa, já que ele aparentava ter boa saúde - mas conforme sua empresária e amiga Vania Barbosa, Miele vinha de um pique de querer fazer tudo ao mesmo tempo, como lançar CD, livros e fazer shows.
Miele morre poucos dias depois de lançar Miele – Contador de Histórias (editora BookStart, R$ 50), livro de memórias que aborda seus bem-vividos 66 anos de carreira.
Em mais de seis décadas de atuação, o showman Miele fez de tudo um pouco: foi empresário da noite (era sócio de Bôscoli na famosa boite Monsieur Pujol); dirigiu programas de música para a Globo nos anos 1960; produziu e dirigiu Marília Pêra nos anos 1970; atuou em musical com Sandra Bréa também nos anos 70.
Nos anos 80, produziu festivais de música e apresentou programas na TV, do musical Ele & Ela (Manchete) ao "picante" Cocktail (SBT).
Também atuou no cinema e em seriados de TV; publicou livros e dirigiu inúmeros espetáculos, de Elis Regina a tributo a Vinicius de Moraes.
Chegou até a celebrar o casamento do parceiro Bôscoli com Elis em uma das passagens mais engraçadas do livro Elis Regina: Nada Será Como Antes, lançado este ano.
Miele esteve em João Pessoa pela última vez em setembro de 2010, embalando o extinto projeto 'Seis e Meia' cantando e contando hilariantes histórias no Teatro de Arena do Espaço Cultural.
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