CULTURA
Campeã do BBB21, Juliette vê na própria mãe o exemplo de força da nordestina
Em entrevista, Juliette fala sobre o jogo, a carreira pós-BBB e sucesso nas redes sociais.
Publicado em 05/05/2021 às 15:53 | Atualizado em 06/05/2021 às 8:22
A paraibana Juliette Freire foi a grande vencedora do Big Brother Brasil 21 (BBB21), levando o prêmio de R$ 1,5 milhão com mais de 90% dos votos na noite da terça-feira (4). Tida pelos fãs como um exemplo da mulher nordestina, forte, guerreira, Juliette contou, nesta quarta-feira (5), que tem a própria “mainha”, dona Fátima Freire, como o exemplo desta força.. A declaração foi dada em uma entrevista coletiva, que contou com a participação do Jornal da Paraíba.
“A minha vida sempre foi uma luta constante e minha mãe sempre me mostrava muita força para resistir. Ela viveu coisas muito horríveis e é uma pessoa muito inocente. Só que ao mesmo tempo, ela é forte, e me ensinou essas virtudes. Me ensinou a ser guerreira, a apanhar, resistir e dar a volta por cima. A mulher nordestina, na verdade todas as mulheres, são sempre símbolos disso, de força, de luta e de resistência e Mainha é o maior exemplo disso”, contou.
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Nascida em Campina Grande e atual moradora de João Pessoa, Juliette levou para o BBB e para o Brasil a cultura da Paraíba e do Nordeste. Segundo a sister, esse era um dos propósitos dela dentro da casa.
“Eu estou muito feliz e orgulhosa da Paraíba. Eu queria ir para lá justamente para mostrar a minha cultura, que eu sou apaixonada. Não é demagogia, não é alegoria, eu respiro a cultura nordestina, paraibana, desde que nasci”, disse.
Juliette foi líder no programa apenas uma vez, quando já não havia mais possibilidade de ter as festas temáticas da liderança. A campeã contou que ficou triste por não poder ter tido a oportunidade de ter uma festa nordestina na casa do BBB, mas que acredita que conseguiu passar a mensagem.
“Eu sonhava com essa festa, para poder mostrar os elementos da nossa cultura. Queria muito essa festa pois morro de saudades das festas juninas, da comida gostosa, da música boa. Eu espero muito que essa pandemia vá embora, creio que tudo vai dar certo e a gente possa ter essas festas de novo”, disse.
Carreira pós-BBB
Juliette é maquiadora e advogada. Pelo menos era antes de entrar no BBB, revelar-se uma talentosa cantora e sair de lá uma influenciadora para mais de 26 milhões de seguidores nas redes sociais.
Na entrevista, ela falou sobre as pretensões para a profissão agora que saiu do programa. “Eu admiro muito a carreira jurídica, tanto de delegada quanto de defensora, juíza, mas acho que agora não dá mais para ser. A carreira pública requer uma imparcialidade necessária, um distanciamento, mas as pessoas já me viram de biquíni, de todo jeito, sabem quem eu sou, com que eu me sensibilizo, então não é possível mais ter essa discrição para atuar juridicamente. Posso tentar ser delegada por um tempo, mas como profissão, não dá mais”, disse.
Apesar de existirem cinco cantores profissionais entre os participantes da edição (Fiuk, Projota, Karol Conká, Rodolffo e Pocah), Juliette foi a que mais se destacou pelas músicas que cantou dentro da casa, recebendo, aqui fora, convites de músicos para fazer parcerias e levantando a hipótese de seguir a carreira.
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“Eu nunca pensei em ser cantora, sempre gostei muito de música, mas não como profissão, só como amor. Quando eu cantava (no programa) era para fugir do caos, para fugir do que eu estava sentindo, para relaxar, lembrar de minhas raízes, das músicas que eu gostava. Não imaginei que isso fosse ser levado a sério. Não tenho pretensão de ser cantora, acho que tenho muito a aprender ainda, mas se o povo está dizendo que eu posso ser cantora, de repente, quem sabe, eu posso tentar, não descarto essa possibilidade”, relatou.
Quanto ao sucesso nas redes sociais, a paraibana contou que também não tinha objetivo de ser influencer ou muito famosa quando entrou na casa. “Eu queria sair de lá com segurança financeira e ter o carinho das pessoas, só não queria ser cancelada. Tudo que eu queria mesmo era conseguir poder ajudar a minha mãe, pagar a cirurgia dela e dar uma vida melhor para os meus irmãos. Acabei conseguindo isso e muito mais. O que veio de resto foi consequência e que bom que foi coisa boa, que eu queria. Se fosse ruim eu ia chorar,” disse.
Decisões de jogo
No discurso da vitória de Juliette, o apresentador Tiago Leifert falou sobre o jogo interno e externo da paraibana no programa que fez com que ela fosse a favorita do público desde a primeira semana. A campeã falou que, dentro da casa, não acreditava que tinha tanta força aqui fora, mas que acha que o jeito autêntico de ser a fez chegar na final e vencer com mais de 90% dos votos.
“Eu não achava que era favorita, mas de alguma forma eu conseguia sentir nos discursos de Tiago alguma mensagem que servia para mim. Eu percebia que o comportamento das pessoas comigo em determinado momento mudava a dinâmica da casa. Eu tinha medo de verbalizar isso e ser pretensiosa e por isso guardei muito para mim”, relata.
Juliette contou que quando foi selecionada para o BBB disse para os amigos que se não saísse na primeira semana, ia longe. “Meus amigos diziam que se eu não fosse eliminada no primeiro paredão, eu ganhava. Eu não acreditava, porque sei dos meus defeitos, sei que sou meio chata. Graças a Deus que eu já entrei na primeira semana imune, então não saí logo de cara”, brinca.
Dentro do programa, Juliette muitas vezes foi alvo dos outros participantes, tendo conflitos desde os mais pequenos, como com o também finalista Fiuk ou com os ex-parceiros do G3 Sarah e Gil, passando por conflitos de interesse de jogo mesmo, com Arthur, Rodolffo e Caio, e até a casos mais sérios com participantes como Nego Di, Karol Conká e Projota, que por vezes criticaram o sotaque, o jeito de falar e de agir dela na casa.
Sobre estes três, Juliette relatou que toparia conversar com eles aqui fora, mas desde que também fosse ouvida. ““Esse assunto me dói muito sim, não vou mentir que tá tranquilo. Entendo que eles estavam com muito medo também e quando a pessoa está com medo, reage. São pessoas que têm história de luta e estavam com medo. Eu entendo,mas isso me machucou também. Conversaria sim com todos eles, queria que eles me ouvissem de fato porque os meus ouvidos são totalmente abertos para o que eles quiserem dizer. Não sei se teria amizade. Eu preciso ver tudo, entender tudo, não vi nada, só vi do que me disseram. Não sei como funciona. Mas amizade eu não sei. Ouvir e entender, totalmente. Amizade eu vou saber e depois eu conto”, disse.
Apesar desta perseguição, Juliette conta que acredita que seu jeito de ser, de não revidar e de tentar levar as coisas na conversa, sem dar o troco, como disse Tiago no discurso da final, foram o que deram a força para ela vencer.
“É muito ruim quando as pessoas não acreditam em você, por isso eu tento sempre acreditar nas pessoas. Ali dentro, exposta, eu não tinha mais vaidade, me sentia feia, me sentia burra, sentia muita coisa negativa. A única coisa boa que eu sentia dentro de mim ainda era a minha verdade. Se eu perdesse aquilo, eu não seria mais nada, nem lá dentro nem aqui fora, não tinha escolha. Me segurei a isso e não desviei, eu ficaria angustiada se tentasse mudar e ser mais dura. Eu não poderia me perder de mim, senão não estaria aqui”, relata.
Engajamento nas redes sociais
O carisma, as decisões de jogo e o apego à verdade fizeram com que o público do BBB virasse fã de Juliette desde o começo. A cada vez que a sister era alvo de alguém, as redes dela cresciam em número de seguidores e logo em seguida a pessoa envolvida era eliminada do programa, muitas vezes com alta rejeição.
Na entrevista, Ju disse que nem passou pela cabeça que ela tivesse tantos seguidores e que não fazia a mínima ideia de como tudo estava sendo gerenciado aqui fora.
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“Eu tenho amigos que são a Déborah (Vidjinsky) e Huayna (Tejo), que sempre me apoiaram em tudo e acreditam muito em mim, seja pra passar em um concurso, pra qualquer coisa. Quando eu fui para o BBB, não tinha pretensão de estourar nas redes sociais. Eu deixei o login e a senha com eles e disse: pronto, podem postar pois vocês me conhecem mais do que eu mesma. Quando saí, que descobri que tinha 18 pessoas na equipe, eu perguntei para Déborah: ‘Como danado essas pessoas estão vivendo, quem tá pagando elas, porque eu não era, não tenho como pagar 18 pessoas. Só se for pagar agora com o prêmio, mas aí vai acabar.’ Depois descobri que a maioria é de amigos meus e também alguns voluntários, pessoas que acreditaram em mim”, relata.
Sobre o motivo de tamanho engajamento, Juliette acredita que as pessoas que buscam e acompanham o perfil dela fazem isso por achá-la humana.
“Eu acho que influencio as pessoas que não querem ver perfeição, não querem ver tudo bonitinho, querem coisas reais. A gente tá cansado de ver mais do mesmo. O que aconteceu comigo fez as pessoas se identificarem e entenderem que as coisas difíceis vão chegar e você tem que ter força para superar. As pessoas se identificam de alguma forma comigo e com o que eu passei e me sinto honrada de ter doado a minha vida para ajudá-los. De alguma forma, se ajudei, já estou feliz”, completa.
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