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CULTURA

Cem anos de uma guerra

Cem anos depois, impacto da Primeira Guerra Mundial ainda é percebido por meio da produção cultural que retratam o horror do período.

Publicado em 28/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 02/02/2024 às 17:23

Muitos narradores morreram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Em uma famosa passagem da obra de Walter Benjamin (1892-1940), o arauto do declínio da experiência da narração afirma que os soldados voltaram mudos das trincheiras. Nas décadas seguintes, até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o advento de tempos ainda mais sombrios, o mundo entrou em estado de pós-trauma. As palavras rompendo um silêncio que envolvia as feridas como uma bandagem.

Há cem anos, o Império Austro-Húngaro levantava armas contra a Sérvia com o assassinato do herdeiro do trono, o Arquiduque Francisco Ferdinando (1863-1914), pelo nacionalista sérvio Gavrilo Princip (1894-1918). Era o estopim do conflito que polarizou as então potências mundiais em duas alianças, os Impérios Centrais (Áustria-Hungria, Alemanha e Itália) e os Aliados (Reino Unido, França e Rússia).

O saldo foi de quase 20 milhões de mortes para os dois lados, entre militares e civis, e um continente europeu em frangalhos, com nações divididas e um período de depressão coletiva que fez a economia entrar em colapso e teve reflexos decisivos no legado cultural da humanidade.

Diante da experiência com pacientes oriundos dos campos de batalha, Freud (1856-1939) conclui que, se há alguma cura possível para a neurose dos homens, a cura se dá pela palavra.

E é através da palavra escrita, oral e imagética que as gerações de então e as vindouras elaboraram o horror de uma época que desafiou até os domínios da ficção.

Literatura, música, artes cênicas e plásticas, e até artes mais jovens como o cinema, fotografia e quadrinhos, tiveram correntes estéticas que receberam o impacto das bombas da Primeira Guerra Mundial.

Algumas obras resistiram ao desmonte massivo da memória e permanecem como um documento da tragédia. Umas retratam os momentos do massacre a partir da experiência dos porta-vozes sobreviventes. Outras lançam mão da fabulação para ressuscitar os fantasmas da guerra e evocar os sentimentos de vidas que só assim conheceremos.

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Jornal da Paraíba

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