CULTURA
Cineasta paraibano relata último encontro com Léa Garcia: 'acredito que morreu muito feliz'
Léa Garcia seria homenageada no Festival de Cinema de Gramado, onde Bertrand Lira também está. Ela morreu nesta terça-feira (15).
Publicado em 15/08/2023 às 12:14
Morreu nesta terça-feira (15) aos 90 anos a atriz Léa Garcia. Um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, Léa morreu no dia em que seria homenageada no Festival de Cinema de Gramado. O cineasta paraibano Bertrand Lira, que está no evento, relatou ao Jornal da Paraíba o último encontro com a atriz.
Bertrand esteve com Léa Garcia no último sábado (12), durante a exibição do filme "Tia Virgínia", que tem no elenco nomes como Vera Holtz, Arlete Sales e Antônio Pitanga.
Na ocasião, o paraibano registrou em fotografias o encontro de Léa Garcia com Laura Cardoso. As duas estavam juntas na exibição e também estariam juntas na noite desta terça-feira (15), quando seriam homenageadas na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado, através da entrega do troféu Oscarito.
Bertrand Lira relatou que já tinha visto Léa Garcia em outro festival de cinema, mas não escondeu a felicidade que sentiu ao encontrar a atriz com Laura Cardoso. Ele e várias outras pessoas que passaram por elas no sábado (12) conseguiram expressar a gratidão pelo trabalho de longos anos realizado em prol da cultura nacional.
Foi uma honra encontrar as duas juntas. Todo mundo as procurava para fazer foto, porque são duas lendas do teatro, cinema e televisão. Eu estava na fileira ao lado, as cumprimentei e dei parabéns", diz.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Bertrand Lira (@bertrandlira)
O cineasta paraibano também afirmou que Léa Garcia estava debilitada e se locomovia em uma cadeira de rodas com ajuda do filho, Marcelo Garcia.
Na manhã desta terça-feira (15) Bertrand e outros participantes do festival foram informados que Léa passou mal no hotel onde estava hospedada e foi levada pelo filho para um hospital, onde já chegou morta.
O filho dela informou ao g1 que a atriz sofreu um infarto. O Festival de Cinema de Gramado confirmou a informação e lamentou a morte de Léa Garcia.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Festival de Cinema de Gramado (@festivaldecinemadegramado)
Representatividade de Léa Garcia
Bertrand Lira também comentou sobre a importância de Léa Garcia para atores e atrizes negros, relembrando a luta da atriz contra o racismo dentro do cinema, teatro e televisão.
Ela trabalhou até recentemente, e era uma militante do cinema, teatro e televisão pelos negros. Desde cedo Léa entrou no clube de teatro dedicado a atores e atrizes negros, que não tinham quase papeis, e ela se juntou ao grupo que militava por isso", reitera o cineasta.
Por fim, Bertrand reiterou a simbologia da morte de Léa durante um festival que fomenta a cultura brasileira. Para ele, a atriz chegou ao fim da vida feliz por tudo que estava vivendo em seus últimos dias.
É uma perda muito grande e muito simbólica, porque ela morreu numa homenagem, no dia em que seria homenageada. Passou pelo tapete vermelho, assistiu a uma sessão... Pelo menos acredito que ela morreu muito feliz.", finalizou.
Léa Garcia contabilizava mais de 100 produções de cinema, teatro e televisão. Somente no Festival de Cinema de Gramado, a atriz já conquistou quatro prêmios Kikitos, com "Filhas do Vento", "Hoje tem Ragu" e "Acalanto".
Entre os principais papéis de Léa Garcia estão suas personagens em "Selva de Pedra", "Escrava Isaura", "Xica da Silva" e "O Clone".
Comentários