Cinema local na tela do desktop

Já foi o tempo em que o canal de vídeos YouTube servia apenas às produções caseiras. Um leque de possibilidades se abre como uma verdadeira 'cápsula do tempo' que vai desde produções profissionais, passando por uma série de 'recortes' televisivos garimpados das fitas VHS, até filmes raros que não se encontram por uma gama de motivos.

O cinema paraibano luta por espaços para a exibição de suas produções, além de mais editais, divulgação e uma série de reivindicações audiovisuais para fazer a engrenagem das bitolas funcionarem.

Navegando pelas ondas da internet e clicando na divulgação 'boca a boca' binária das redes sociais, um dos canais do YouTube que chamam a atenção é referente ao blog chamado Sanhauá (clique aqui para ver), divulgando curtas-metragens paraibanos contemporâneos e abrindo o baú de produções antigas, com direito até a longa-metragem guilhotinado em partes.

O Salário da Morte (1970), primeiro longa em 35mm da Paraíba – mais lembrado por cinéfilos do que visto – está disponível em cinco partes na tela do computador, tablet ou smartphone. O filme baseado em romance de José Bezerra e rodado em Pombal, Sertão paraibano, tem direção de Linduarte Noronha (1930-2012), contando com um elenco encabeçado por W. J. Solha, Ednaldo do Egypto, Eliane Giardini e Horácio Freitas.

Também estão disponíveis documentários como o oitentista Tá Sentindo Cheiro de Queimado? (1988), de Everaldo Pontes e Bertrand Lira, sobre o cenário do rock'n'roll local da época, e o 'making of' de A Sintomática Narrativa do Constantino (2000), curta-metragem de Carlos Dowling.

Alguns exemplos da produção audiovisual atual também estão disponíveis, como os premiados vídeos de Ana Bárbara Ramos, como Sweet Karolynne (2009), Cabaceiras (2007) e Desejo Citrullus (2003), além de Cão Sedento (2005), de Bruno de Sales, e O Plano do Cachorro (2009), dirigido por Arthur Lins e Ely Marques.

PRODUZIDO X CASEIRO
Apesar do próprio canal YouTube não divulgar números referentes aos mercados regionais, as estatísticas globais sugerem que o usuário consome cada vez mais vídeos produzidos em vez dos meros clipes caseiros.

Segundo o site, dos dez vídeos mais vistos no ano passado, seis tiveram produção profissional por trás. No ano anterior, a relação entre os mais vistos no canal foi a mesma.