CULTURA
Companhia de palhaças apresenta peça gratuita em João Pessoa
Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, tem sessões de teatro gratuitas durante o fim de semana.
Publicado em 24/07/2015 às 6:00
“O espetáculo é uma ida de palhaças à praia”, resume a atriz Karla Concá, a palhaça Indiana na montagem Tem Areia no Maiô, que será apresentada gratuitamente nesta sexta-feira, com sessões no sábado e domingo, às 17h, no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa.
Escrito por Denise Crispun e dirigido por Beto Brown, o espetáculo foi o primeiro da Cia. As Marias da Graça, com estreia em 1992. A produção acompanha uma trupe de palhaças rumo a Copacabana para desfrutar o verão num dia de sol. Nesse caminho, o pneu do calhambeque fura, chove e o quarteto enfrenta os vários perigos no mar.
“Cada espetáculo é um processo diferente”, aponta Vera Ribeiro, a palhaça Shoyu. “O povo gosta daquele lado leve e bem-humorado do carioca. Há momentos que são mais livres, mais improvisados, e também tem os momentos mais coreografados. Ele é levado com a trilha o tempo todo”.
Completam o time de palhaças as atrizes Samantha Anciães (a personagem Iracema) e Geni Viegas (com maquiagem, Maffalda). Músicas de nomes como Roberto Carlos, Elza Soares, Nina Simone e Rita Pavone, dentre outros, embalam o passeio dominical da montagem.
“São canções que foram escolhidas pelos gostos pessoais e emocionais”, explica Karla Concá. “Vem muito da nossa trajetória de vida e do nosso inconsciente”.
Ainda segundo Karla, o objetivo de ir à praia não importa, o que importa é a trajetória. As gags são todas construídas em cima de adereços. “Tudo sai de malas. A gente é que leva a praia”.
Por falar em malas, a bagagem da premiada Cia. As Marias da Graça começou a encher de experiências justamente com o Tem Areia no Maiô. Criado para ser teatro de rua, Karla Concá relembra que partiu de um convite da prefeitura carioca para inaugurar o Parque Garota de Ipanema, no Arpoador. Vera Ribeiro faz a ligação do espetáculo não apenas com o local praieiro, mas o movimento artístico dos anos 1980 vindo da criação do famoso Circo Voador.
“A gente é de uma geração que era muito daquilo. Viemos desse movimento, mesmo vindo depois”, garante Vera. “Tem Areia no Maiô tem muito desse bom momento do Rio”.
A trupe surgiu de uma oficina de palhaços no começo dos anos 1990. Dos dez integrantes, apenas um era do sexo masculino, que desistiu no meio do processo, de acordo com a Vera Ribeiro. “A consciência que nós eramos o primeiro grupo feito de palhaças num universo de homens veio depois”.
Assim como o teatro greco-romano e elisabetano, a comédia circense era feita quase que exclusivamente por palhaços. “O caminho atual das palhaças vai junto da luta das mulheres pela sua emancipação”, afirma Vera Ribeiro. “Pode-se dizer que é uma luta dentro de um movimento político”.
RIDÍCULO CONSCIENTE
Neste domingo, das 9h às 13h, no Teatro Paulo Pontes, Karla Concá vai ministrar gratuitamente a oficina ‘Onde eu botei o meu nariz?’.
“É para descobrir o seu palhaço. São exercícios para se ter consciência do seu ridículo”, explica. “Sempre digo que a sua graça está na sua desgraça e a capacidade de rir dela”.
Para Karla, a função social do palhaço é ajudar ao público a perceber que não há nada demais em errar. “As pessoas precisam do palhaço para lembrarem que somos seres humanos. A oficina é quase uma terapia mesmo”.
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