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CULTURA

Elvis Presley não morreu

Filme argentino 'O Último Elvis' do diretor Armando Bo será exibido gratuitamente no projeto Estacine, na Estação Ciência.

Publicado em 22/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/01/2024 às 18:45

Foi caminhando pela Calle Florida (a Maciel Pinheiro europeizada de Buenos Aires) que o diretor Armando Bo comprou o CD do excêntrico John McInerny, um arquiteto que há sete anos trabalhava como sósia de Elvis Presley. Até então, Bo só era conhecido por ter colaborado no excelente roteiro de Biutiful (filme de Iñaritu indicado a duas estatuetas do Oscar) e por ter herdado o nome do seu avô, um dos famosos nomes da chanchada platina.

A história de McInerny inspirou O Último Elvis (El Ultimo Elvis, Argentina, 2012), ficção que o Estacine exibe neste domingo em João Pessoa pela mostra Rock em Cena. O filme que fez Armando Bo ingressar no rol dos diretores da boa safra de realizadores argentinos contemporâneos tem sessão gratuita às 16h na Estação das Artes. A sessão será comentada pelo crítico de cinema Andrés van Dessauer.

Se você é dos que acreditam que o cinema argentino se resume aos longas com Ricardo Darín no elenco, precisa assistir ao comovente drama do operário e cantor noturno Carlos Gutiérrez (McInerny), um cover de Elvis que sempre obliterou a própria personalidade em prol da do ídolo. A filha, naturalmente, foi batizada de Lisa Marie (Margarita Lopez, estreante em longas). O pai, beirando a idade em que o Rei, salvo controvérsias, morreu, quase não a vê. Depois que sua ex-mulher Alejandra (Griselda Siciliani, em seu primeiro papel mais marcante) sofre um acidente, ele se vê obrigado a estreitar os laços com a garota. Seu dilema torna-se então o mesmo dos astros do rock: o showbiz ou a família.

A atuação de McInerny impressiona por atributos tão similares aos de Elvis no final da carreira: o vozeirão de barítono contrastando com o seu sobrepeso, que lhe confere um ar patético naquele traje branco que veste a memória de todos os seus fãs.

Um argumento inicial que se remete ao chileno Tony Manero (2008), em que o protagonista é um obcecado pela figura do ator John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite (1977), mas que trilha um caminho bem diferente e foi reconhecido com a indicação ao Sundance, um dos principais festivais internacionais de cinema independente.

Bo passou de promessa a integrante de uma turma seleta, formada por cineastas como Daniel Burman (O Abraço Partido), Lucia Puenzo (XXY), Pablo Trapero (Abutres) e o 'primo rico' Juan José Campanella (Oscar de melhor filme em língua estrangeira por O Segredo de Seus Olhos).

Na próxima semana, o título da vez é The Horror Picture Show (Idem, EUA, 1975), comédia musical de horror dirigida por Jim Sharman (Tratamento de Choque) que também ganhará os comentários de Andrés van Dessauer. O crítico retorna para a programação da Estação Cabo Branco em abril, quando o público irá relembrar do filme ganhador do Oscar de melhor filme em língua estrangeira A Separação (2011).

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Jornal da Paraíba

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