CULTURA
'Verde Gás': autor explica história distópica passada em João Pessoa
Ricardo Oliveira, autor de "Verde Gás", explicou ao Jornal da Paraíba detalhes do livro.
Publicado em 17/12/2023 às 8:10
Muitos livros e filmes sobre o fim do mundo abordam um cenário apocalíptico em cidades como Nova York e Tóquio. Agora, os amantes de ficção apocalíptica também podem conferir uma história ambientada em João Pessoa, na Paraíba, com o livro "Verde Gás".
O livro escrito por Ricardo Oliveira foi lançado recentemente. Na obra, João Pessoa é arrasada por um ataque a gás e somente um arquiteto, chamado João, sobrevive.
Em entrevista ao Jornal da Paraíba, o autor explicou que João, protagonista da obra, vivia no condomínio fechado desde criança, e mesmo após o ataque ele decide continuar morando no local.
Depois que ele se entende nesse contexto ele toma a decisão curiosa de continuar no condomínio, enterrar os corpos, arrumar as casas, restaurar os jardins limpar as praças e ruas, e começa a visitar as casas dos amigos e familiares que viveram com ele a vida toda", explicou.
Mesmo com todo caos vivido por João após o ataque a gás, ele inicia uma jornada de autoconhecimento.
Ainda de acordo com Ricardo Oliveira, o personagem reflete sobre a infância e adolescência e acaba revelando questões que também têm relação com o contexto político brasileiro.
Ele relembra o passado, redescobre coisas que ele viveu, e descobre a fé evangélica na infância e adolescência. Mais na frente, no futuro, percebe isso com a relação com a política de 2018 pra cá. Então nosso passado recente é o passado do protagonista também, apesar de ser uma ficção especulativa, futurista, ela tem esse pé no real do que a gente viveu recentemente na história contemporânea", disse o autor.
Curiosidades de "Verde Gás"
Ricardo explica que começou a escrever o livro em 2018, antes da pandemia da Covid-19. Na época, ele sabia que o protagonista da história sobreviveria ao ataque por estar usando máscara, e anos depois o mundo passou por uma situação semelhante com a pandemia.
Escrevi o livro em 2018, antes da pandemia, e desde essa época já sabia que ele sobrevive ao ataque de gás porque trabalha com marcenaria e estava usando máscara no momento do ataque. Então esse contexto é extremamente importante pra história, e dois anos depois percebi que se a gente usasse máscara a gente ia conseguir sobreviver também a um contexto tão difícil como foi a pandemia", relatou.
O autor também disse que os leitores podem se surpreender com aspectos importantes do passado de João, que é bem semelhante ao de muitos paraibanos que vivenciaram a João Pessoa dos anos de 1990.
O livro é uma distopia pós apocalíptica mas também é um romance de formação. O leitor acompanha a jornada de amadurecimento dele. No meio de tanto caos, o leitor vai encontrar um olhar mais leve, mais bem humorado sobre a infância e adolescência na João Pessoa dos anos 1990, entre Assustados, igrejas e coisas do tipo... Realidades muito próximas a de muitas pessoas", explicou.
O livro também apresenta influências de outras obras, como o filme "Eu Sou a Lenda" e o jogo "The Last of Us".
João Pessoa protagonista
Ricardo Oliveira finalizou ressaltando a importância de ter uma história do gênero pós apocalíptico ambientada na Paraíba, e em uma cidade como João Pessoa.
Ele relata que sempre consumiu obras do gênero que se passavam em grandes cidades, como Los Angeles. Mas, diz que enxergou o potencial da capital paraibana e a colocou como centro da história como um gesto "praticamente político".
Pra mim é extremamente importante, é praticamente um gesto político também escrever a história aqui em João Pessoa (...) Tudo que sempre vi foram histórias acontecendo em Nova York, Tóquio, Los Angeles, nunca tinha visto o mundo acabar numa cidade pequena comparada a todas essas. Escolhi João Pessoa por isso, porque acho que ela também tem características importantes nesse contexto todo", finalizou.
Sobre Ricardo Oliveira
Ricardo Oliveira é um jornalista e produtor de conteúdo digital paraibano. Ele tem mestrado em comunicação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e já publicou digitalmente a seleção de minicontos “Eu Te Filmei e Isso Não Fez de Mim um Cineasta”, de 2020.
Em junho, o autor publicou na Amazon o conto “Mais Uma Ficha”, inspirado em videogames antigos. O e-book passou duas semanas entre os 10 mais baixados na categoria de ficção científica da plataforma.
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