CULTURA
Mais que um clipe
Fernando Ventura, idealizador do vídeoclipe que estourou na internet, fala da experiência e dos novos rumos que seu trabalho pode tomar.
Publicado em 06/07/2012 às 6:00
Na quarta-feira, Fernando Ventura foi dormir como um internauta comum. Ontem, ele acordou com um astro da web: 'Miss me', clipe de seu projeto musical intitulado Grandphone Vancouver, alcançou mais de 30 mil visualizações no YouTube e fez de seu trabalho de conclusão no curso de Arte e Mídia da UFCG um viral que não para de ser comentado nas redes sociais.
A repercussão mudou os rumos da carreira do baiano pacato, que se mudou para Campina Grande para estudar e estava a 40 dias de obter o canudo quando a greve da instituição de ensino começou, em maio.
"Minha intenção a priori era poder coordenar minha carreira artística", diz Ventura, fã dos Beatles, banda que teve pouco mais de 10 anos de trajetória e parou de fazer shows na metade do caminho.
"Como eles, eu queria ficar gravando músicas e lançando videoclipes. Agora, com esse alvoroço todo, as coisas mudaram e acho essencial que eu apresente um material físico e tente me excursionar com uma banda", conta o jovem autor de 'Miss me', uma canção que, segundo ele, estava "empoeirada" até decidir unir a proposta de seu TCC com a de um projeto multimídia pessoal.
"Gravei um EP com Giordano Frag (guitarrista da banda Hijack) e lancei o videoclipe depois de um estudo mercadológico que envolvia a pesquisa do que um artista precisa hoje em dia para ingressar no mercado fonográfico. Neles, eu exercitei a função de um profissional de Arte e Mídia, que é dirigir e coordenar pessoal".
No vídeo, um plano-sequência gravado na Maciel Pinheiro (avenida que foi interditada pela prefeitura de Campina Grande no dia da gravação), Ventura reúne mais de 20 referências a clipes de ícones da música internacional.
Figurinos e acessórios foram montados com a ajuda de uma equipe de quase 100 pessoas, mas todos os elementos têm a mão de Ventura: "Não confio em todo mundo para fazer as coisas. A jaqueta do Michael Jackson (homenageado com uma alusão a 'Thriller'), por exemplo, mandei fazer aqui em Campina, mas a caixinha de leite do Blur (do clipe 'Coffee and TV') eu mesmo fiz, com uma miniatura que tinha aqui comigo".
Para Ventura, a passagem mais difícil de ser executada foi a das escadas, logo no início do vídeo, quando ele desce alguns degraus com uma flor preta na lapela, remissão a 'Your mother should know', dos Beatles.
A escada estava posicionada originalmente no meio da rua, mas sempre errávamos no começo e, como tinha que ser um plano sequência, tínhamos que voltar do início até posicioná-la na lateral da rua, por sugestão de um amigo".
Além de diretor do videoclipe, Fernando Ventura é roteirista de O Quinto Beatle (2011), mockumentary que ficcionaliza a vinda de Paul McCartney com o pai a Campina Grande, onde conheceu o paraibano João Buiu, suposta influência do quarteto.
"Escrevi aquele roteiro em menos de uma hora e, embora o curta não seja tão bem executado, como também é o clipe, eu adoro aquilo ali".
Por fim, Ventura revela o receio de ficar "refém de um viral": "As pessoas já estão me perguntando quando farei o próximo. Tenho medo de decepcioná-las, mas tudo bem".
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