CULTURA
Na galeria dos imortais
Quase 6 meses após a eleição, artista plástico Flávio Tavares assume nesta sexta-feira (5) a cadeira 14 da Academia Paraibana de Letras.
Publicado em 05/07/2013 às 6:00
Enfim, a posse. Quase 6 meses após a eleição para vaga de Ronaldo Cunha Lima (1936-2012) na Academia Paraibana de Letras (APL), o artista plástico Flávio Tavares assume hoje, na antevéspera do aniversário da morte do antecessor, a cadeira 14 da casa. A cerimônia será às 19h no prédio anexo do Tribunal de Justiça da Paraíba (o TJPB, na R. Rodrigues de Aquino, em João Pessoa).
Flávio é o primeiro artista plástico a ser eleito e empossado na instituição. O pintor Pedro Américo integra o quadro de imortais como patrono da cadeira 24, atualmente ocupada pelo escritor Evaldo Gonçalves.
"Como muitos escritores e jornalistas, eu tenho a convicção de que o ser humano pensa através de imagens", afirma Flávio Tavares, defendendo sua afiliação à APL, pleito ao qual já tinha concorrido em 2008, quando José Nêummane Pinto foi escolhido para envergar o fardão. "Desde as cavernas, o homem sempre esteve ligado à imagem e a escrita não deixa de ser uma espécie de pintura".
No empossamento, o novo imortal será saudado pela acadêmica Ângela Bezerra de Castro. Participam da cerimônia o presidente da APL, Damião Ramos Cavalcanti, e a presidente do TJPB, Fátima Bezerra Cavalcanti.
Segundo Flávio Tavares, o discurso que irá proferir na ocasião parte do poema 'Quem sou eu', de Ronaldo Cunha Lima, para homenagear a mememória do poeta, protocolo previsto no cerimonial da APL. "Ninguém melhor do que Ronaldo para falar dele mesmo", sublinha o artista, que pretende destacar o caráter popular da obra do autor do 'Habeas Pinho'.
No discurso, Flávio também lembrará do escritor Luiz Augusto Crispim (1945-2008), ex-presidente da APL, que encomendou o quadro Eu, hoje exposto no Memorial Augusto dos Anjos, situado na sede da Academia. A tela não é a única criação de Flávio que adorna as paredes do Casarão da Rua Duque de Caxias: Ariano e a Pedra do Reino também está em exposição permanente na sala contígua ao Jardim dos Imortais.
Ângela Bezerra de Castro será outra figura prestigiada no discurso. Foi ela quem forneceu o material de pesquisa consultado por Flávio durante a produção dos esboços para a obra A Bagaceira, que atualmente recebe o público no hall da Sala de Concertos Radegundis Feitosa, na capital. O painel, um dos mais importantes da carreira do pessoense, em breve será transferida para as instalações do futuro Centro de Arte e Cultura da Universidade Federal da Paraíba.
MILITÂNCIA
A formação artística e a criação de um 'Museu da Memória Gráfica Paraibana' serão os alvos da militância de Flávio Tavares durante as reuniões da APL. "O papel fundamental de minha luta na Academia será sensibilizar este governo ou os que virão para a criação de um museu para esta memória que está diluída e quase pulverizada", justifica. "Campina Grande já tem um ótimo museu (o Museu de Arte Assis Chateaubriand), mas João Pessoa ainda carece de um".
Entre os projetos particulares, Flávio antecipou que tem uma exposição prevista para o próximo ano em Lyon, na França, e que estuda a possibilidade de lançar, neste segundo semestre, a 3ª edição do livro Agora, Pavão Sem Mistério! (1965), com apresentação de Ziraldo.
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