CULTURA
Obra de Ariano ganha os palcos de João Pessoa
'A Farsa da Boa Preguiça' está em cartaz nesta sexta (4) e sábado (5) no Teatro Paulo Pontes.
Publicado em 04/11/2011 às 6:30
Quando, em 1957, o Teatro do Estudante de Pernambuco fez a primeira encenação de uma peça de Ariano Suassuna no Rio de Janeiro, João das Neves era ainda um nome incógnito na plateia.
Então novato nos cursos de formação de ator e diretor da Fundação Brasileira de Teatro, o jovem nem sonhava em dirigir quem, segundo ele, iria se tornar “um dramaturgo da envergadura de um Shakespeare ou um Molière”.
O texto era O Auto da Compadecida, e Ariano levaria ainda três anos para escrever A Farsa da Boa Preguiça, com o qual fundou, em 1960, o Teatro Popular do Nordeste.
O espetáculo, que o carioca trouxe ao palco cinquenta anos depois, visita João Pessoa este fim de semana, em sessões no Teatro Paulo Pontes hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h.
“Desde o começo de carreira me inspirei no trabalho de Luiz Mendonça (que conheceu como ator, naquela encenação) e tive o privilégio de me envolver com a cultura nordestina, que hoje devolvo ao seu espaço de origem”, conta o diretor, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.
A alegria em apresentar novamente o texto de A Farsa... para o público nordestino (que o conheceu em montagem recente do Ser Tão Teatro e do Grupo Clowns de Shakespeare) é reforçada pelas palavras do ator Guilherme Piva, um dos protagonistas da comédia musical.
"Apresentar Ariano Suassuna na Paraíba é como apresentar Shakespeare em Londres, no Globe Theatre", compara o ator que protagoniza, ao lado de Bianca Byington, a história do herói/poeta José Simão.
"Vivemos um longo período de imersão no universo do cordel e dos mamulengos", lembra Piva, que aprendeu a confeccionar alguns dos bonecos utilizados em cenas da peça. "Demoramos um mês antes de nos debruçarmos sobre a narrativa, que em nossa primeira adaptação ganhou quase três horas e meia de duração e teve que ser reduzida a apenas duas", comenta.
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