CULTURA
Os tantos Moacir Santos
Após seis dias de programação, Mimo chega ao fim neste sábado (8) com apresentação do 'Projeto Coisa Fina'.
Publicado em 08/09/2012 às 6:00
Em 'Samba da Bênção', Vinícius de Moraes canta os muitos músicos que havia em Moacir Santos: "Moacir Santos / tu que não és um só, és tantos / como este meu Brasil de todos os santos".
Pegando carona nos versos do 'poetinha', o Projeto Coisa Fina homenageia o Ouro Negro na última noite da Mimo em João Pessoa, na Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, às 20h.
A Mostra Internacional de Música em Olinda termina amanhã em Pernambuco, após seis dias de programação que incluiu também o Estado de Minas Gerais no roteiro.
A celebração na capital paraibana vem a calhar: Moacir Santos esteve em João Pessoa em 1945, quando deixou seu primeiro emprego na Rádio Clube do Recife e passou a tocar na banda da Polícia Militar e na Rádio Tabajara, como clarinetista.
Só três anos mais tarde iria se mudar para o Rio de Janeiro, onde se firmaria na Rádio Nacional como tenorista da Orquestra do Maestro Chiquinho.
"Levar a música de Moacir Santos para o Nordeste é levá-la para sua terra natal", afirma o saxofonista Daniel Nogueira, um dos membros fundadores do Coisa Fina. "O pessoal daí parece que tem uma facilidade maior de assimilar o repertório dele".
Tocando o maestro pernambucano há sete anos, Daniel Nogueira e seus companheiros de big band não pretendem abandonar suas notas tão cedo das pautas musicais: "Estamos gravando um CD em homenagem a maestros brasileiros e Moacir é presença garantida".
Na apresentação de hoje à noite, os músicos preparam um verdadeiro percurso pela trajetória do menino que saiu do sertão de São José do Belmonte (onde aprendeu a manejar os primeiros instrumentos de percussão e sopro) e foi parar, já maduro, nos EUA, onde foi mestre de Sérgio Mendes e colaborou com trilhas sonoras em Hollywood (há quem diga que o tema de 'Missão Impossível' é de sua autoria).
"Apesar de ser rotulado geralmente como saxofonista, ele era um viciado em música e tocava de tudo", aponta Daniel Nogueira.
"Não é nada fácil executar a sua música. Exige muita incorporação, muita vivência, muito estudo".
Estudo ao qual o próprio Moacir se dedicava com tenacidade: chegou a ter cinco professores de música diferentes ao mesmo tempo. O resultado: a beleza. "Foi difícil escolher um repertório em meio a peças tão belas", resume Nogueira.
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