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CULTURA

'Passione' tira novela brasileira do nível básico no cursinho de italiano

Trama de Silvio de Abreu insere expressões inéditas do idioma em cena. 'Não podemos subestimar o público', diz Tony Ramos.

Publicado em 27/08/2010 às 15:48

Do G1

“Passione” está fazendo a teledramaturgia brasileira avançar do nível básico para o intermediário no cursinho de italiano para iniciantes. Se antes as novelas ambientadas na Itália se limitavam a pitadas de “va bene”, “capisci” e “ecco” perdidos em meio a diálogos em português, agora os personagens da trama de Silvio de Abreu estão apresentando todo um vocabulário para o público.

Uma diversidade de expressões como “figurati”, “punto e basta” e até o ofensivo “schifosa” foram inseridos nas falas dos personagens – em especial, na família Mattoli do protagonista Totó, vivido por Tony Ramos.

Segundo o autor de “Passione”, a decisão de ir além no tempero italiano se deve ao fato de grande parte da novela ser passada na Toscana. Quase 100 capítulos tiveram a região como lar de Totó, Gemma (Aracy Balabanian), Agnello (Daniel Oliveira) e Agostina (Leandra Leal) – figuras centrais do folhetim.

"Não é uma língua tão desconhecida, não podemos esquecer que o Brasil abriga uma grande comunidade italiana. E sempre que possível tento acrescentar palavras que sejam parecidas com o português. É um trabalho árduo, mas prazeroso”, explica Abreu, que acredita que o espectador não está se perdendo na tradução. “O brasileiro é extremamente inteligente e atento. Claro que tudo que é novo exige um tempo de assimilação. Mas isso não significa que nunca será compreendido”, completa.

Tony Ramos compartilha da opinião do autor, relembrando outra novela que foi criticada por apresentar palavras estrangeiras desconhecidas: “Caminho das Índias” (2009), de Glória Perez . “Foi um absurdo aquela quantidade de críticas. O que o brasileiro conhecia da cultura indiana até então? A iniciativa da Glória foi um serviço público, deveria ser aplaudido e não rechaçado”, opina o ator, que na trama interpretou o patriarca Opash.

“É preciso ter coragem e ousadia na televisão em, acima de tudo, não subestimar o público. Se na novela estamos falando de outro povo, por que não apresentar as palavras e os costumes dele? ”, prossegue Tony. “Outro dia gravamos um cena no centro de São Paulo e as pessoas ficavam brincando comigo, repetindo o ‘punto e basta’ e o ‘prego’ que o Totó sempre fala em cena. Está todo mundo compreendendo o que se passa com aqueles italianos, é uma história muito bem amarrada. O que o público que é emoção”.

“Figurati!”

Silvio de Abreu diz ter um “bom conhecimento” do idioma, mas conta com a ajuda da professora Cecília Casini para inserir termos específicos no roteiro de “Passione”.
“Mando os capítulos com bastante diálogo italiano e a Cecília corrige, ajusta concordâncias e indica novas palavras para determinadas situações, além de expressões típicas da Toscana”, conta o autor.

Nascida e criada em Itália, Cecília é formada em Letras pela Universidade de Florença e professora do idioma na USP. O mesmo trabalho de consultoria que faz em parceria com Abreu já desenvolveu em outras novelas da Globo como “O rei do gado” (1997) e “Esperança” (2002).

“Os personagens de ‘Passione’ são da Toscana, que, historicamente, é o berço da cultura italiana. E nessa região há vários vernáculos, com muitos traços em comum, mas muitas diferenças também”, explica Cecília. “Para a novela escolhi me basear no florentino, que conheci melhor. Há palavras típicas de Florença, mas também da Toscana”.

A professora cita como exemplo o “figurati”, o termo-vedete dos diálogos de “Passione”. “É uma palavra belíssima, que remete à capacidade da língua italiana de tornar possível imaginar visualmente a coisa de que se fala. O sentido seria ‘imagine’, ‘tente imaginar’”.

Professora da família Mattoli

Além de trabalhar com Silvio de Abreu, Cecília também promove aulas regulares para o núcleo italiano da novela, desde dezembro passado. ”Reuníamos todos, ensaiando a pronúncia e a entonação típica da Toscana”, conta.

Viagens à Itália para as gravações dos capítulos também ajudaram os atores a ter mais desenvoltura mais com o idioma. “Os italianos da Toscana trocam ‘c’ por ‘r’! ‘Casa’ fica ‘rasa’...”, detalha Leandra Leal, que interpreta a romântica Agostina. “Não colocamos esse detalhe no sotaque, senão ficaria uma loucura”.

Leandra conta que na rua tem sido abordada por fãs, que repetem a frase recorrente de sua personagem: “cadê o mio marito?”. “Acho que agora chegamos numa boa medida do sotaque. As pessoas já se acostumaram, entendem e se divertem”.

'Nino, o italianinho'

Experiente em personagens italianos – o primeiro foi em “Nino, o italianinho”, de 1969, na TV Tupi – Tony Ramos se define como um “apaixonado” pela cultura italiana e fala fluentemente o idioma. Autodidata, diga-se.

“A primeira vez e muitas que fui à Itália foi há 36 anos e a minha mulher é de origem italiana. Também sou egresso de uma cultura cinematográfica, que se encantou por Visconti, Antonioni, Fellini... ‘Amarcord’ é o filme da minha vida!”, revela o ator. “Apesar de existirem traduções brilhantes, sempre preferi ler os textos do Dario Fo no original. Quando não entendia uma palavra, corria para o dicionário, tentava interpretá-la...”

Diferente dos outros “Mattoli”, Tony diz que prefere decorar as falas de Totó em italiano. “Assim posso fazer um estudo da métrica e da musicalidade das palavras. Depois vou fazendo a mistura com o português, conforme a orientação da professora Cecília”, revela.

Nos próximos capítulos de "Passione", no entanto, o público deve se preparar para a redução do vocabulário "italianês" nas cenas. Desde a última semana, os Mattoli mudaram de mala e cuia da Toscana para São Paulo, o que deve gerar mudanças.

"Agora o Totó, a Gemma, o Agnello e companhia terão que se comunicar com os brasileiros. Então eles se esforçarão para serem compreendidos", adianta Tony. "A italianada vai arriscar um português macarrônico", brinca o ator.

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Jornal da Paraíba

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