Poesia que não cabe no mundo

A sonoridade da cantora e compositora Socorro Lira percorre a África e a América Latina, em especial o Norte e Nordeste brasileiro. Este mês, a paraibana desaguará vários projetos frutos da colheita que plantou nessas culturas.

A primeira é o lançamento virtual, no dia 11, do EP Os Sertões do Mundo e do videoclipe ‘Poema didáctico’, música feita em parceria com o escritor moçambicano Mia Couto.

“Mia é um dos grandes pensadores do nosso mundo”, atesta Socorro, que esteve fazendo residência artística na África do Sul, Moçambique e Gana no ano de 2011. “Na África do Sul fui para o equivalente ao Nordeste do Brasil. Lá tem a mesma paisagem sertaneja e as pessoas muito parecidas com as do nosso Sertão”.

Socorro Lira conta que, para sua surpresa, o poeta moçambicano já conhecia seu trabalho. Em um livro de poemas, Mia Couto dedicou a ela como o começo de uma parceria que já havia começado.

‘Poema didáctico’ conta com a participação do também moçambicano Stewart Sukuma e sua banda, Nkhuvu. A letra enfoca a grandeza e riqueza de “um país e sua gente que não cabia no mundo”, como diz o refrão.

“Muito tempo que temos essa imagem de Terceiro Mundo, mas o Brasil é um povo que tem potencial para se livrar dessa imagem ruim, assim como a África”, explica.

A outra faixa do EP, ‘Fino poema’, é uma composição da paraibana e tem a participação inédita da sanfona de Dominguinhos (1941-2013), em gravação feita no ano de 2012.

De acordo com Socorro Lira, o título do miniálbum, Os Sertões do Mundo, veio um pouco dessa canção que ela fez especialmente para o artista pernambucano. “Ele era de uma doçura, elegância e generosidade fora de série”.

O EP estará disponível para download a partir do dia 11 no site oficial da artista. O clipe se encontrará no seu canal do Youtube.

SONS DA AMAZÔNIA

Outro projeto que será lançado no final deste mês de Socorro Lira remete ao Norte do país, mas sempre com uma ligação nordestina.

Amazônia - Entre Águas e Desertos tem canções dos conterrâneos Vital Farias (‘Saga da Amazônia’), Cátia de França e Abel Silva (‘Porque é da Natureza’) e do pernambucano que “está mais para paraibano” Oliveiras de Panelas (‘Amor cósmico’), além de seis composições inéditas assinadas por ela. “As músicas têm um tema mais existencialista”.

O trabalho também traz diversos sons da natureza registrados pela própria Socorro Lira, quando esteve por “três dias no mato”, em Manaus. “Fui captar direto da fonte. Queria efeitos naturais, um disco muito fluido e o mais natural possível”, justifica.