SILVIO OSIAS
Agora está morta a garota daquela cena inesquecível de 50 anos atrás
Publicado em 07/03/2023 às 7:58
Vendo um desses prêmios do cinema, na hora da homenagem aos que se foram, soube por acaso da morte de Cindy Williams. Procurei nos obituários da mídia e verifiquei que a atriz, de 75 anos, morreu já faz mais de um mês, depois de uma breve doença. Os noticiários sobre os famosos andam assim: "após uma breve doença", "de causa não revelada".
Cindy Williams não fez uma grande carreira, embora fosse bastante popular nos Estados Unidos. Mas, para mim, como, por certo, para muitos cinéfilos, ela nunca deixou de ser lembrada porque atuou em A Conversação, de Francis Ford Coppola, e, sobretudo, em American Graffiti, de George Lucas.
American Graffiti é um belo filme realizado por Lucas antes da fama conquistada com Star Wars. Numa cidadezinha californiana, a noite quente de verão é de puro lazer para moças e rapazes, mas dois deles estão se despedindo. No dia seguinte, partirão para a universidade.
Um desses rapazes é Steve Bolander. Quem faz o papel dele é Ron Howard, que ainda não tinha 20 anos quando o filme foi realizado. Mais tarde, Howard trocaria a vida de ator pela de cineasta famoso (Apollo 13, O Código DaVinci). No filme, Bolander, seu personagem, namora com Laurie Henderson. Laurie é Cindy Williams, jovem atriz de 25 anos em 1973, ano em que American Graffiti - no Brasil, Loucuras de Verão - foi lançado.
Steve vai embora no dia seguinte. Laurie vai permanecer na cidadezinha. Na última noite, o rapaz e a moça têm algo a acertar: poderão "ficar" com outras pessoas enquanto ele estiver longe dela? Parece tolice, mas não é. O filme é sobre o ritual de passagem da adolescência para a vida de adulto.
Uma cena filmada com muita sensibilidade por George Lucas fala sobre o amor juvenil de Steve e Laurie e do dilema que estão enfrentando. É a cena do baile na escola, quando dançam Smoke Gets In Your Eyes, a canção dos Platters. É uma imagem inesquecível do cinema de 50 anos atrás. É como Cindy Williams fica guardada na minha memória afetiva.
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