SILVIO OSIAS
Bolsonaro rezando o Pai Nosso diante dos repórteres foi ridículo. Fez o mesmo com Fux
Publicado em 14/07/2021 às 8:26 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:50
A Bíblia (juntos o Antigo e o Novo Testamentos) é um dos livros mais importantes da humanidade.
Tive mãe católica, mas aprendi isso com um ateu, meu pai, que leu atentamente, e muitas vezes, e debatia os textos bíblicos com qualquer pastor de ovelhas cristãs, fosse católico ou evangélico.
Li o Antigo Testamento parcialmente. Li integralmente o Novo Testamento. Vários já passaram pelas minhas mãos.
Atualmente, tenho esse traduzido diretamente do grego por Frederico Lourenço, conceituado escritor e tradutor português.
A edição brasileira é da Companhia Das Letras. Enriquece qualquer biblioteca.
O Pai Nosso aparece logo no Evangelho de Mateus, aquele que inspirou o cineasta gay, marxista e ateu Pier Paolo Pasolini a realizar O EvangelhoSegundo São Mateus, depois premiado pela Igreja Católica.
Está no Sermão da Montanha, lindamente filmado pelo mestre Nicholas Ray em O Rei dos Reis.
O Pai Nosso é uma belíssima oração. Você não precisa ser cristão para reconhecer.
Meu pai não se contentava com o texto em português, esse que os católicos rezam ou cantam nas missas.
Sabia também em inglês e, de vez em quando, me dizia como era: "Our Father in heaven...". Achava curioso. Ora, um ateu a quem não bastava o Pai Nosso em português, lá vinha ele com a oração em inglês!
O Estado brasileiro é laico.
O único político que vi fazer essa afirmação com coragem e firmeza foi Leonel Brizola. E em campanha, correndo o risco de perder votos.
Nesta terça-feira (13), nos vimos diante de uma cena tão inacreditável quanto constrangedora.
Diante dos repórteres que o entrevistavam, depois de uma conversa com o presidente do STF, o presidente Jair Bolsonaro rezou (na versão católica) o Pai Nosso e pediu que rezassem com ele.
Já havia feito o mesmo no gabinete do presidente do Supremo, o ministro Luiz Fux, que conhecia o texto na versão dos evangélicos.
Minha opinião?
Não cabia.
Nem no gabinete de Fux, muito menos na entrevista.
Achei ridículo ver o presidente Bolsonaro rezando o Pai Nosso.
Rezar (orar) é outra coisa.
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