SILVIO OSIAS
No quesito música, abertura da Olimpíada calou os que criticaram por antecipação
Publicado em 06/08/2016 às 16:51 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:47
https://www.youtube.com/watch?v=cWtm313eXfg
Nos dias que antecederam a abertura da Olimpíada, li muitas críticas à escalação dos artistas que participariam da cerimônia.
Uma delas chamou minha atenção. Dizia mais ou menos assim: Londres teve Paul McCartney, o Rio vai ter Anitta, Ludmilla e Wesley Safadão.
Escrevi a respeito. Disse que a geração de Paul McCartney estaria muito bem representada por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola. E que o funk era uma manifestação legítima da cidade do Rio de Janeiro.
Passada a festa, volto ao tema.
A cerimônia calou os que criticaram por antecipação. Vou me ater ao quesito música.
A Copa do Mundo tem um país como sede. Os jogos olímpicos têm uma cidade. Nada mais natural, portanto, que o Rio mostrasse sua música ao mundo. E que música!
Do Gilberto Gil de Aquele Abraço ao Marcos Valle de Samba de Verão. Ou ao Chico Buarque de Construção.
Tom, o maestro soberano, foi lembrado pelo neto Daniel Jobim. Garota de Ipanema, voz e piano. Enquanto Gisele Bundchen desfilava evocando a Helô que inspirou Tom & Vinícius.
Mestres do samba em cena. Paulinho da Viola cantando o Hino Nacional. Jorge Ben, que modernizou o gênero, trouxe a extraordinária força rítmica de País Tropical. Zeca Pagodinho veio como uma voz mais contemporânea. E Wilson das Neves chamou as entidades.
Elza Soares, que é de ontem e de hoje, releu o Canto de Ossanha, de Baden & Vinícius. "O homem que diz dou, não dá". Um afro-samba com a pegada do pop atual do Rio de Janeiro.
No final, a apoteose. Ary Barroso, o mineiro que melhor cantou o Rio, nas vozes tropicalistas de Caetano e Gil. Com Anitta cantando e dançando entre os dois. Por que não?
Sim. Londres teve Paul McCartney. O Rio teve a grande música popular ali produzida. Por mestres cariocas ou não cariocas que adotaram a cidade para viver.
Ao mostrar a nossa força e as nossas belezas, a cerimônia de abertura da Olimpíada acaba falando do Brasil que não deu certo.
A vaia a Temer não é diferente da vaia a Dilma na Copa do Mundo. Os dois, mesmo que em lados opostos, estão vinculados a um modelo que precisa ser superado.
Só assim, teremos, de fato, uma promessa de vida em nossos corações!
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