A Fortaleza de Santa Catarina, localizada em Cabedelo, na Grande João Pessoa, volta a receber em novembro um roteiro de turismo assombrado, com visitação noturna guiada e encenação de lendas da região. Em comemoração aos 10 anos do projeto, a fortaleza recebe uma temporada de visitações noturnas no mês de novembro.
Com mais de 400 anos, o prédio guarda memórias e mitos, contados pela população cabedelense e que atraem curiosos pelos mistérios do local. O projeto foi criado em 2013, e agora em 2023, terá dois eventos para celebração de uma década.
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No dia 4 de novembro, é realizada uma festa de Halloween no Casarão do Padre, antiga Casa Paroquial de Cabedelo. Já nos dias 10 e 11, a Fortaleza de Santa Catarina recebe um roteiro assombrado com visitação noturna guiada, com encenação do espetáculo e apresentação do musical “Viva a Nau Catarineta”.
O roteiro de turismo assombrado acontece, geralmente, no período de outubro e novembro, próximo à data do Halloween. Segundo Igobergh Bernado, diretor do Grupo de Teatro e Pesquisa Lendários e secretário de cultura do município de Cabedelo, nesses meses cresce a procura de uma atividade de mistério e assustadora.
Apesar de acontecer normalmente nos meses próximos ao Halloween, o roteiro assombrado foi idealizado para ser uma atividade contínua da fortaleza. O projeto é uma parceria entre a Fundação Fortaleza de Santa Catarina, a Prefeitura Municipal de Cabedelo, o Sebrae Paraíba, o grupo de teatro e pesquisa Lendários e a Rede Criativa Cabedelo.
A ideia era criar uma atividade para o turista e para a população residente para que eles pudessem vivenciar um pouco da história da fortaleza. Meu trabalho sempre foi voltado para as lendas, só que nunca tinha trabalhado a partir da assombração. Então resolvemos trazer justamente essas memórias para a narrativa do espetáculo, construindo um roteiro de visitação noturna encenado dentro da atmosfera do dark turismo”, explica o secretário.
Roteiro de turismo assombrado na Fortaleza de Cabedelo
O espetáculo utiliza a estrutura da fortaleza para ambientar as lendas passadas de geração em geração e que estão vivas no imaginário popular, como ‘A mulher de Branco’, ‘Capitão Mor’, ‘Batatão’, ‘Cumadre Florzinha’.
A mulher de branco, ilustrada em um quadro em exibição na fortaleza, é uma das figuras mais citadas entre os funcionários do local. Há quem diga que já viu Branca Dias, possível nome do fantasma em vida, e outros que desejam nunca ter um vislumbre da moça.
A gente cresceu na verdade ouvindo essas narrativas. Ela aparece para algumas pessoas, tem vários relatos de quem já viu. A gente enquanto grupo, já ouviu relincho de cavalos e sons de correntes sendo arrastadas pelos corredores”, relata Igobergh. A turismóloga Vera Simões, que faz parte do Lendários e já está acostumada com o espetáculo, teve algumas experiências assustadoras no local.
Quando começa e está tudo escuro com os personagens atuando, a gente é tomado por uma sensação de medo, porque você não sabe o que vai acontecer. Como eu ficava atrás para evitar que o grupo dispersasse, comecei a ficar meio assombrada e nos primeiros espetáculos, a sensação é que tinha mais pessoas no local além do grupo e do público", relata Vera.
Além da experiência trabalhando na fortaleza, que vivenciou com o grupo de teatro Lendários, Igobergh Bernardo cresceu próximo a Fortaleza e desde a infância escutou do pai sobre outras lendas e outros mitos da cidade.
Uma é a lenda do Batatão, muito presente em regiões litorâneas, sobre a presença de uma possível bola de fogo no mar. Meu pai, que faleceu no ano passado, contava que tinha presenciado a aparição no auge do porto de Cabedelo, quando trabalhava no local”, conta Bernardo.
O que é o dark turismo?
O "dark tourism", ou "turismo assombrado", é uma vertente do turismo que utiliza a memória de locais, relacionada a eventos sombrios como batalhas ou morte, e promove atividades educativas, culturais e de entretenimento.
A Fortaleza de Santa Catarina, erguida em meados de 1580, serviu para defender o litoral dos ataques de holandeses e franceses. Segundo Igobergh Bernardo, diretor do Grupo de Teatro e Pesquisa Lendários e secretário de cultura do município de Cabedelo, a fortaleza é um desses espaços.
Houve muitas mortes ali. O dark turismo fala sobre espaços imersos em memórias sombrias. A gente não discute religião, mas é um espaço místico por estar relacionado a momentos sombrios. Pode haver a presença de espíritos, então é utilizado o imaginário do público que vai lá para acompanhar a encenação”, explica Igobergh.
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