CULTURA
UEPB fecha Museu Assis Chateaubriand por falta de verbas
Universidade vai buscar parcerias e captar recursos para manter a finalidade original do museu, inaugurado em 2012.
Publicado em 17/02/2016 às 8:00
Fazendo alusão da máxima que diz “Vão-se os anéis e ficam os dedos”, o reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Rangel Júnior, suspendeu as atividades do Museu Assis Chateaubriand (MAC), localizado no bairro do Catolé, em Campina Grande.
O motivo é o conjunto de medidas da instituição para a contenção de gastos devido à “crise que se abateu sobre nós”, segundo o próprio reitor. “Chegou a um ponto que se tornou criterioso tomar as decisões para as despesas da universidade. Todo nosso custeio de sustentação vem do tesouro estadual. Temos que saber onde tirar para garantir o essencial”, justifica.
Rangel Júnior explica que o museu demandava uma despesa anual de aproximadamente de R$ 1,2 milhão. O montante orçamentário total da UEPB deste ano é de R$ 289 milhões, apenas R$ 1 milhão a mais que o ano passado, visto na seção de transparência do site oficial da universidade.
Outro ponto que pesou na decisão de interromper a programação do MAC foi o motivo do equipamento não ter um acervo próprio. O museu tomava conta de uma coleção de mais de 100 peças pertencentes ao antigo Museu de Artes Assis Chateaubriand (MAAC), da Fundação Universidade Regional do Nordeste (Furne), inaugurado em 1967.
Na época, o equipamento cultural era chamado de Museu de Arte de Campina Grande, seguido de Museu Regional de Arte Pedro Américo. Somente nos anos 1980 é que teve o nome definitivo de Museu de Artes Assis Chateaubriand.
“O problema é que eles (a Furne) vinham colocando uma série de exigências de preservação do acervo que não podemos cumprir devido ao alto custo”, aponta o reitor.
BUSCA DE SOLUÇÕES
Além de exposições – a última (intitulada Deusas Gregas, da artista visual Lili Brasileiro) se encerrou no dia 18 de dezembro –, o MAC abrigava lançamentos literários e eventos culturais como o Sarau Academia dos Poetas Vivos.
“Na prática, o museu já vinha sendo usado para eventos culturais e acadêmicos”, afirma Rangel Júnior. “Não estamos programando nada até ter uma solução”.
Ainda de acordo com o reitor da UEPB, a busca é para viabilizar alternativas de modelos de negócios através da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (que ficou encarregado de gerenciar o espaço museológico) e outras instituições privadas.
“O objetivo é buscar parcerias, captar recursos e manter a finalidade original do museu”, analisa Rangel. “É uma situação temporária adaptável às circunstâncias”.
'A ESCOLHA DE SOFIA'
Sobre a manutenção de outro equipamento da UEPB, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), mais conhecido como Museu dos Três Pandeiros, o reitor assinalou que foi A Escolha de Sofia – fazendo alusão ao famoso filme de 1982 no qual uma polonesa deve escolher qual dos dois filhos pequenos deve viver no campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial.
“O Museu dos Três Pandeiros tem uma natureza diferente. Seu custo de manutenção é baixo em relação ao MAC, além de ter perspectiva de ajuda das empresas privadas”, justifica. “Essa suspensão das atividades do MAC é uma maneira de atravessar a tempestade sem muita turbulência”.
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