Violonistas do 'Duofel' apresentam releituras dos Beatles na Capital

De André Cananéa do Jornal da Paraíba

Quando eles estiveram em Liverpool, em julho, para subir ao palco do Cavern Club que você, fã dos Beatles, sabe bem o que representa, a imprensa da cidade que estava por perto ficou bastante satisfeita. Afinal, em todo o globo, não há, lá, tantos grupos que consigam revitalizar a obra dos FabFour com tamanha destreza e criatividade, ainda mais em um universo de releituras instrumentais.

O autor da façanha é o Duofel, dupla de exímios violonistas baseada em São Paulo que chega neste sábado (4) a João Pessoa para abrir a primeira das quatro noites da Mostra Internacional de Música de Olinda (‘Mimo’), em João Pessoa. Até terça-feira que vem, nossas belas igrejas recebem dois concertos imperdíveis por noite, com entrada gratuita ao público. Promovido pela Lume Arte (e com apoio da Funjope em João Pessoa), a ‘Mimo’ segue simultaneamente entre João Pessoa, Olinda e Recife.

Um dos grandes patrimônios da música brasileira, o Duofel se destacou internacionalmente pelo seu jazz virtuoso, mas extremamente brasileiro, que conquistou fãs de Ornete Colleman a Hermeto Pascoal. Em 2008, caíram (ou voltaram, como dizem) ao rock no CD Duofel Plays The Beatles. “É o nosso CD que vende mais, mesmo em um tempo em que não se vende mais CDs”, comenta Luiz Bueno, parceiro de Fernando Melo, ao JORNAL DA PARAÍBA, por telefone.

De maneira alguma, o rock dos Beatles não é algo alienígena ao som sofistacado da dupla. A origem musical de Luiz e Fernando, antes do Duofel, remete ao rock dos anos 60 e os quatro rapazes de Liverpool estão no meio. “Depois de 32 anos de Duofel, a impressão que eu tenho é que a gente aprendeu a tocar violão mais ou menos e desenvolveu uma série de atividades no violão para poder conseguir celebrar os Beatles”, pondera Luiz.

O músico conta que os Beatles entraram no repertório do duo através de “Norwegian Wood”. “A gente começou a tocar essa música nos shows e os fãs começaram a pedir mais”, narra Luiz Bueno, “foi quando, há dois anos, para celebrar nossos 30 anos, a gente resolveu gravar um disco inteiro com músicas dos Beatles”.

Com a excelência dos dois instrumentistas, o Duofel partiu para recriar alguns dos hinos do mais famoso grupo de rock de todos os tempos em arranjos caprichados e inovadores ao violão. “Eu vejo as releituras dos Beatles, de uma maneira geral, muito ruins. Acho até um grande desrespeito ao grupo”, comenta Luiz.

O disco foi gravado em 2008 e o show, com repertório dos Beatles, foi gravado em Liverpool e dará origem a um DVD. Na verdade, o duo se prepara para lançar dois DVDs no ano que vem: o documentário O Sonho Nunca Acabará, que mostra essa dedicação do Duofel aos Beatles, e o show no Cavern Club, na íntegra.

Esse show é o mesmo que o Duofel mostra hoje em João Pessoa. “São 15 músicas que a gente toca revezando sete instrumentos, eu e o Fernando”, revela Luiz, meditando sobre o fato de apresentar o novo show, agora ao invés do esfumaçado Carven Club, na igreja de São Frei Pedro Gonçalves: “A música instrumental alimenta a alma, é um sopro divino. Então, por isso, não existe lugar melhor para praticar a música instrumental que a casa da espiritualidade. Além disso, estamos bastante ansiosos para tocar aí em João Pessoa, que faz tempo que a gente não toca”.