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ECONOMIA

"A internet é muito mais do que gatinhos fofinhos compartilhados", diz especialista

A internet propicia ferramentas que beneficiam o empreendedor de diversas formas.

Publicado em 19/10/2015 às 17:45

Para o especialista em cybercultura Alan Mascarenhas as pessoas estão apenas começando a entender o que é a internet e as imensas possibilidades que ela oferece, embora esse começo ainda seja um pouco tardio. "A internet é muito mais do que gatinhos fofinhos compartilhados, mas essa cultura do “desimportante” também faz parte dela simplesmente porque faz parte de nós. Nós moldamos a internet o tempo inteiro e para isso temos que lutar contra algoritmos, ou seja, programações eletrônicas que decidem o que vemos no facebook ou recebemos como resultado de uma pesquisa. Não estou dizendo que a internet seja a grande salvação midiática da humanidade, mas apenas que ela permite linguagens mais informais, barateia custos, facilita acesso à informação e isso reconfigura não só o comércio, mas toda a instância social", afirma.

A internet, nesse contexto, propicia ferramentas que beneficiam o empreendedor de diversas formas, além das possibilidades de se fazer sucesso com o YouTube, blogs ou lojas virtuais. Canais de resposta rápidos, por exemplo, como chats e whatsapp, podem beneficiar até mesmo grandes empresas que contam com um canal na internet. "Maior transparência nas transações já que muitas vezes se tem o telefone do vendedor e outros dados pessoais – os quais devem ser verificados se são verdadeiros antes do pagamento -, sistema de qualificação positiva e negativa visível a todo o público, além de sites como o Reclame Aqui", exemplifica Alan.

Segundo ele, embora haja uma cultura do amador muito forte na internet, no caso dos YouTubers, por exemplo, isso faz com que se crie uma estética própria para o meio. "Essa cultura do amador existe exatamente pela espontaneidade que surge a partir da isntantaneidade. Por exemplo, se você está transmitindo algo ao vivo pelo Periscope, ainda que você esteja performatizando um comportamento diante de uma câmera como na TV, a interação, as respostas a esse vídeo, exigem um comportamento menos robotizado", pontua. "Não há uma fórmula para bombar na internet, mas o amadorismo ele pode ser forjado, planejado e acaba reconfigurando toda a narrativa de vídeos, dos quais muitos são sim pensados por agências", complementa.

Do mundo virtual para um endereço real

Embora, na maior parte das vezes, as pessoas tenham uma loja física e, com o intuito de se modernizar, criem um site ou uma loja virtual, o contrário aconteceu no caso da relações públicas Natália Gadelha, proprietária da de acessórios Miss Nat. Sua loja, que hoje ocupa um espaço em uma das avenidas que mais se destacam em João Pessoa, a Edson Ramalho, teve início em 2012, por meio das redes sociais. Depois, ela criou uma loja virtual, com um site próprio. E, por último, criou a loja física. Mesmo assim, no entanto, de acordo com ela, a internet ainda é responsável por 80% das vendas.

"Eu comecei a fazer por hobbie, para mim mesma. Daí as pessoas gostavam e perguntavam quem tinha feito e foi aí que eu pensei: 'por que isso não pode se formalizar como um negócio'? E eu sempre vi as redes sociais como um forte aliado. Como consumidora, eu via que muita coisa eu comprava por ali. Era melhor que sair, ter que procurar estacionamento, se deslocar. Com a internet, a poucos cliques eu podia resolver meu negócio. Então comecei com as redes sociais, na época o Facebook, porque nem existia o Instagram ainda, e depois o negócio foi crescendo. Hoje, como plano de médio prazo, o que eu quero é tornar a marca uma franquia", conta.

Para que seu negócio desse certo, no entanto, alguns cuidados foram necessários: o primeiro, foi em relação à identidade visual da loja. "Eu via a questão da imagem como um dos fatores principais. Eu sabia que por mais que eu estivesse fazendo aquilo ali na minha casa as pessoas tinham que ver como algo grande. Sabia que era necessário uma identidade visual bacana", pontua. "A internet possibilitou que nós pudéssemos vender não só para outros Estados, mas também para outros países, como os Estados Unidos e a Venezuela. Além disso, foi através da intertnet que uma assessora de figurino da Globo me encontrou e hoje enviamos peças para as produções. Eles escolhem através da internet as peças de acordo com cada personagem" conta.

Uma outra forma de aliar a tecnologia e o empreendedorismo, no entanto, - e a mais comum - é quando empresas que já possuem seus pontos fixos passam a investir em tecnologia para aumentar seu impacto no mercado. O Sebrae conta com um ele é um programa que aproxima os dois atores essenciais para a implementação da inovação: os pequenos negócios e os prestadores de serviços tecnológicos - trata-se do SebraeTec.

"Estar na web tem que ser feito de uma forma planejada e adequada. Se a empresa não se preparar para isso, pode acabar sendo uma coisa ruim", avalia o gestor do programa na Paraíba, Joacir Souto. "A internet tá mais para o deserto do Saara. Se você cria um site e não faz nada, não vai ter retorno nenhum. É um nicho a ser explorado, mas de forma estratégica", pontua Joacir.

Segundo ele, no caso de uma empresa querer criar uma plataforma de comércio online, por exemplo, muitas vezes é melhor que ele comece com plataformas prontas como a OLX. "Aí ele entende como funciona a internet, cria uma cartela de clientes interessadas nos produtos, e só depois dá um novo passo", explica. "A chave é isso: tudo tem que ser estrategicamente pensado", finaliza.

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Jornal da Paraíba

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