ECONOMIA
Alta do dólar já eleva pão nesta segunda na Paraíba
Preço do quilo do produto em algumas panificadoras da capital sobe para R$ 11,39.
Publicado em 14/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 22/02/2024 às 15:56
A alta do dólar, que atingiu nessa última semana a maior cotação dos últimos 10 anos (R$ 2,88), irá influenciar no reajuste do pão francês. Já existe panificadora em João Pessoa que a partir de segunda-feira vai começar a vender o quilo do produto com aumento de 5,5%. O sindicato das empresas na capital já anunciou que o repasse será inevitável, mas não pode projetar um reajuste médio no mercado.
“Na próxima semana será divulgada uma nova tabela da saca de 50 quilos da farinha de trigo, sem falar que já houve aumento do combustível, energia e reajuste salarial da categoria em janeiro. Então, não há mais como não reajustar”, afirmou Romualdo Farias, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificações do Estado da Paraíba (Sindipan-PB).
Segundo ele, o mercado é livre para adotar o novo preço conforme o perfil do estabelecimento e respectivas despesas, por isso não pode prever um percentual de aumento. No entanto, a elevação de preço para o consumidor, conforme ele, será imediata.
De acordo com o sindicato, a saca de trigo custa atualmente entre R$ 96 e R$ 98 nos moinhos. O proprietário da Acre Pão, no Bairro dos Estados, Edmundo Teixeira Júnior, contou que o quilo do produto no local vai sair de R$ 10,79 para R$ 11,39, alta de 5,5% porque ele já comprou a saca de trigo R$ 6,00 mais cara.
O empresário salientou que costumava comprar o insumo a R$ 97,00 e esta semana foi encontrada por R$ 103,70. “Além do dólar, o brasileiro tem a cultura inflacionária, e de dezembro para cá já subiu margarina, ovos, além do reajuste da categoria em dezembro em 7%. Com esses aumentos não temos mais como segurar o preço. Minhas despesas mensais são de R$ 50 mil e meu lucro líquido é só de 7%”, declarou Edmundo Júnior.
O reajuste não atinge apenas o pão francês, mas todos os itens confeccionados com trigo. O valor do quilo do bolo, por exemplo, vai subir de R$ 13,89 para R$ 14,50. “Também tivemos aumento dos produtos fabricados do cacau”, revelou.
Segundo ele, os gastos mensais com água e energia ultrapassam os R$ 8 mil, sem contar a taxa anual da Vigilância Sanitária (R$ 350) e taxa de aferição das balanças (R$ 230 por unidade) pagas ao Inmetro/Imeq.
“O nosso último reajuste ocorreu em janeiro do ano passado e na época tivemos uma queda de 25% na procura uma semana posterior à alta. Este ano a procura deve cair 12%, mas não podemos evitar”, frisou.
O gerente na Panificadora Bonfim, no bairro pesssoense de Tambaú, Gerlânio Barbosa de Oliveira, contou que por enquanto o valor do pão ainda não aumentou porque ainda está comprando a saca da farinha de trigo sem reajuste. “E só vamos alterar o preço quando comprarmos trigo mais caro”, enfocou.
MASSAS E ITENS IMPORTADOS DEVEM SUBIR
Ruim para quem pensa em viajar para o exterior, pior para quem fica. A "explosão" do dólar comercial, que ontem fechou o dia a R$ 2,83, já começou a impactar para cima nos preços de alguns produtos e insumos importados e logo chega às gôndolas de padarias e supermercados. Com a alta de 24,22% no câmbio da moeda norte americana, nos últimos seis meses, - em 12 de agosto de 2014, o dólar estava em R$ 2,27 - o preço da farinha de trigo deve ser o primeiro a subir, em torno de 10% a 15%, até o fim do mês.
Azeites, vinhos importados, bacalhau e alguns itens de higiene e beleza, como desodorante (os que possuem insumos importados ou são fabricados fora do país), são outros produtos que tendem a subir de preço, em consequência também da variação do câmbio. Insumo básico na fabricação de pães e massas, a farinha de trigo já está saindo de alguns moinhos mais cara, em decorrência da alta do dólar e de recuperação dos preços da ordem de 5%, reduzidos no semestre passado, em função da entrada de novos "players" e do consequente aumento da competitividade do mercado nordestino.
Somados esses fatores, explica o presidente da Associação dos Moinhos de Trigo do Norte e Nordeste do Brasil, Roberto Schneider, a defasagem nos preços da farinha de trigo já é superior a 17%, percentual que tende a ser repassado, em breve, às panificadoras, mas não integralmente. "As empresas entendem que terão de fazer reajustes superiores a 10%", sinaliza.
Ele explica que a variação no percentual de aumento decorre da origem do trigo, se importado ou nacional, e da qualidade do produto, além da própria política de preços dos moinhos. Na ponta do lápis, calcula Schneider: "Se (o quilo da farinha) subir 15%, o impacto no preço do quilo do pão será de 3%", para o consumidor final.
Comentários