ECONOMIA
Até incluído no SPC pode optar ao Cadastro Positivo
Cadastro Positivo tem, entre outros objetivos, favorecer a concessão de crédito com juros mais baixos aos consumidores considerados bons pagadores.
Publicado em 02/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:41
O Cadastro Positivo, que vai listar o histórico dos bons pagadores para oferecer melhores condições de crédito a juro baixo, entrou em vigor ontem. Segundo as entidades, responsáveis pelo Cadastro, até quem está com o nome sujo na praça, como, por exemplo, os 23.386 inadimplentes incluídos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) nas duas maiores cidades da Paraíba, no primeiro semestre, podem participar do Cadastro. Em João Pessoa, mais de 15,108 mil ficaram pendurados no SPC, enquanto em Campina Grande, o número chegou a 8,278 mil no semestre.
Desde ontem, as instituições financeiras, com a autorização dos clientes, começaram a repassar as informações para os bancos de dados. Para a Serasa Experian, os bancos serão os maiores provedores de dados do mercado, pois eles têm o maior volume de informações dos consumidores. Até ontem, um milhão de pessoas tinham aderido a este banco de dados em todo o país.
O Cadastro Positivo tem, entre outros objetivos, favorecer a concessão de crédito com juros mais baixos aos consumidores considerados bons pagadores. Segundo a Proteste, associação de defesa do consumidor, o discurso dos defensores do cadastro sempre foi de que os juros são elevados porque o bom pagador, na média, arca com os custos daqueles que não quitam suas dívidas.
Mas para alguns economista, ainda não se sabe quando nem quanto os juros irão cair. O economista da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, afirmou que a “estimativa é que somente em um ano as pessoas incluídas na lista vão poder receber os benefícios”.
Representantes do comércio paraibano afirmam que o Cadastro Positivo trará benefícios para o mercado e também para os consumidores. O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), Artur Melo de Almeida, avaliou que o Cadastro é uma conquista que vai trazer queda na inadimplência e aumento nas vendas. “Hoje os juros são altos porque os bons pagadores sofrem por causa dos maus pagadores. Com o perfil positivo do cliente, ele pode ter juros mais baixos e o crédito vai ficar mais barato. Com isso, ganha o consumidor, o varejo e até a indústria”, explicou.
O presidente da Associação Comercial de Campina Grande, Álvaro Morais de Barros, afirmou que a lista dos consumidores que pagam suas contas em dia é bem-vinda. “Vai levar um tempo para o consumidor se inscrever neste cadastro, mas à medida que isso for se ampliando os juros vão cair. Os lojistas poderão fazer promoções direcionadas ao bom pagador e o público inadimplente também vai querer ser beneficiado e pode, a partir disso, ter mais responsabilidade com suas contas”, frisou.
DESCONFIANÇA
Já o diretor do SPC de João Pessoa, Lindembergh Vieira, não se mostrou otimista em relação às vantagens deste cadastro. “Ainda é cedo para falarmos sobre os benefícios deste cadastro e não se sabe quanto será esta queda de juros. Tenho dúvidas se o governo federal vai conseguir conceder esta redução”, ponderou.
DADOS DO CADASTRO
Além dos bancos, o Cadastro Positivo receberá dados de varejistas, prestadores de serviços, exceto celular pós-pago, e pagamentos a escolas e condomínios. As informações ficarão disponíveis a qualquer empresa com a qual o cliente tenha relação de análise de crédito, de venda a prazo ou transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro.
Informações dos empréstimos pessoais e pagamento das contas de água, gás, telefone fixo e luz também estarão presentes.
PROTESTE QUESTIONA SEGURANÇA DE DADOS
Vale lembrar que a adesão ao Cadastro Positivo é opcional e sua recusa não vai interferir na vida financeira do consumidor, pelo menos é o que garantem os defensores deste banco de dados.
Mas a Proteste questiona se os bancos não vão condicionar o financiamento à adesão ao Cadastro. A Proteste também faz uma abordagem sobre a segurança dos dados passados pelo consumidor.
A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, afirma que ainda não há clareza sobre as regras de compartilhamento das informações. “O consumidor não tem segurança sobre se seus dados serão vendidos a empresas interessadas, por exemplo."
A Proteste diz ainda que vai realizar fiscalizações para verificar se os juros vão mesmo cair para as pessoas que mantêm suas contas em dia. O economista da Boa Vista Serviços, Dirceu Gardel, afirmou que o Cadastro Positivo está sob uma lei federal e oferece garantias no repasse dos dados do consumidor.
“Somente as empresas concedentes de créditos que tenham relação com esta pessoa é quem vai ter acesso aos dados”, frisou o economista.
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