ECONOMIA
Com crise, destino para 13º salário este ano requer disciplina
Com endividamento mais alto e quadro econômico mais difícil, a aplicação do 13º salário vai depender da situação do trabalhador.
Publicado em 23/11/2015 às 8:00
Com o dinheiro rendendo menos este ano, o trabalhador paraibano terá que pensar bem antes de administrar o 13º salário, que irá injetar quase R$ 2 bilhões na economia do Estado. Para os especialistas, o recurso deve ter destinos distintos conforme a situação de cada consumidor. Se usada com cautela, a renda extra poderá abater dívidas dos mais de 100 mil inadimplentes que estão pendurados no SPC somente em João Pessoa e Campina Grande este ano, pagar as contas de início de ano ou até incrementar as reservas dos que estão com o orçamento em dia.
O JORNAL DA PARAÍBA ouviu a orientação de economistas e consultores de finanças pessoais para três perfis de consumidor: os endividados; os que têm contas a pagar, mas não estão no vermelho; e aqueles que possuem renda de sobra.
Cientes da situação financeira que vivem, porém, muitos trabalhadores já têm planos de como aplicar o abono natalino. O vendedor de loja Ricardo Alves, por exemplo, confessou que está inadimplente porque extrapolou nos gastos com o cartão de crédito. “Por isso pretendo pagar parte das minhas dívidas com o 13º. O resto só em 2016”, confessou.
Já a enfermeira Sônia Leite Pinto revelou que tem algumas contas para liquidar, como a prestação do automóvel, mas as finanças estão equilibradas. “Vou usar o 13º salário para quitar o carro, pagar contas do cartão de crédito e comprar presentes para algumas pessoas especiais”.
Em uma situação mais confortável, a servidora pública do INSS Daniela Maia está com as finanças em dia e até conseguiu fazer uma poupança este ano. Por isso, ela planeja viajar para São Paulo e lá deseja comprar presentes para amigos e parentes. “A outra parte vou investir”, revelou.
A professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB) e consultora financeira Maria do Socorro da Silva Luís explicou que para o consumidor que estiver totalmente endividado, a primeira recomendação é negociar as dívidas com o banco ou financeira para conseguir desconto. Depois, é só quitar uma parte ou, se for possível, liquidar por completo este compromisso. “Se não for possível pagar toda a dívida, use o 13º como entrada, isso fará com que as parcelas sejam reduzidas, onerando menos a renda mensal. Certifique-se, porém, de que as parcelas cabem no seu orçamento do mês”, alertou.
Segundo ela, é importante que os consumidores identifiquem a causa de estarem gastando mais do que ganham. Às vezes o descontrole financeiro está atrelado a algum problema psicológico, que faz com que as pessoas tentem compensar no consumo. “Analisem detalhadamente suas despesas. Isso fará com que identifiquem gastos desnecessários ou que possam ser reduzidos”, frisou Maria do Socorro. Já o palestrante e consultor de finanças pessoais Erasmo Vieira defende que o ideal para quem enfrenta o endividamento é quitar as dívidas, porém deve haver sobras para as compras de Natal.
“Não é recomendado usar o 13º para dar entrada em um parcelamento de dívidas e abrir o crédito para outras compras a prazo. A melhor negociação para pagamento de dívidas é à vista”.
Saiba mais
De janeiro a outubro deste ano, o Serviço de Proteção ao Crédito de João Pessoa registrou 88.036 nomes incluídos na lista dos devedores e no mesmo período 56.635 conseguiram limpar o nome ‘sujo’ na praça. Isso significa 31.401 novos inadimplentes no ano. Já a Câmara de Dirigentes Lojistas de Campina Grande (CDL-CG) disse que o número de pessoas com os nomes negativados chegou a 13.770 nos dez primeiros meses do ano. Por outro lado, 7.680 conseguiram recuperar o crédito, o que representa um total de 6.090 devedores na Rainha da Borborema.
Dicas de como aplicar o 13º salário para quem está endividado
Usar o dinheiro (integralmente ou grande parte dele) para liquidar ou abater dívidas, priorizando as que geram mais juros;
Fazer uma análise geral das despesas e identificar as que podem ser cortadas ou reduzidas para fazer render mais o abono natalino;
Antes de quitar dívidas, renegociar o valor com o credor para obter descontos.
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